A nossa Diké tupiniquim: espada na própria carne

Diké, filha de Zeus e Têmis, é a deusa grega dos julgamentos, vingadora das violações da lei.
É representada descalça e com os olhos bem abertos. Assim é Eliana Calmon, a corregedora nacional de justiça, que está chocando todo mundo por dizer aquilo que ninguém até hoje, no Brasil, teve coragem de dizer.
Os olhos dela sempre estiveram abertos e ainda deixaram os olhos da Suprema Corte completamente esbugalhados.
Provocou o maior burburinho após declarar pela imprensa que é preciso combater a impunidade dos “bandidos que se escondem atrás de Togas”, em referência a ação que quer tirar do Conselho Nacional de Justiça poderes para investigar e punir magistrados.
E mais: soltou o verbo e disse que só conseguiria inspecionar o Tribunal de Justiça de São Paulo “no dia em que o sargento Garcia prender o Zorro”. Apesar da troca de desaforos cordiais, Calmon conseguiu o que queria: o Supremo Tribunal Federal (STF) desistiu de julgar a tal ação causadora da discórdia.
A corregedora foi convidada a depor no Senado e já aceitou.
O judiciário ainda tenta acordar do susto, mesmo assim ela tem aliados, bem como
a turma do deixa disso, como o polido ministro Marco Aurélio de Mello que classificou a atitude da nossa Diké de… pecadilho, mas que não merece a
excomunhão maior. Daí eu pergunto: qual excomunhão cara-pálida?
Calmon é destemida. Não tem medo de cara feia. Já comandou várias investigações que mexiam com bandidos de terno.
A primeira escorregada do judiciário foi ter colocado alguém na corregedoria com o perfil dela. Escorregada não, sorte! Porque pra nós, simples mortais, foi um grande acerto e espanto. Pra muita gente ela já virou ídolo. Se cuidem Sargentos Garcias.