O melhor e mais caro presente da atualidade é o tempo

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Comercial
Por Roberto Garini
Parece frase de auto ajuda, mas não é.
O melhor e mais caro presente nos dias atuais é dispor do seu tempo para alguém.
Facilmente se percebe como é difícil alguém ficar à disposição de outra pessoa para passar algumas horas, em conversas de puro ócio.
Falar de futebol, de política, ou qualquer outro assunto, afinal, gastar o tempo com a simples e tradicional sabedoria popular.
Antigamente quando eu morava no interior era fácil de notar isso, hoje, nem lá. Só se for naquele interior, mas bem lá para dentro.
Isso tem a ver com o desenvolvimento da tecnologia e sua utilização.
Sempre é mais fácil ver a notícia pronta e por vezes até comentada, do que pensar e tirar suas próprias conclusões.
Mas é mais saboroso ter suas conclusões, principalmente na companhia de outras pessoas, aquelas que te dão o presente de estar presente.
O rádio, depois a televisão e agora a internet fizeram do mundo realmente uma aldeia global, mais ou menos como era o salão de barbeiros para uma cidade de poucos habitantes.
A notícia se espalhava com a rapidez de cada corte de cabelo, ou de cada barba feita.
Hoje a notícia anda com a velocidade de cada clique do computador.
Curtir, comentar ou compartilhar qualquer notícia faz com que, em segundos, milhares de pessoas a vejam.
Afora o e-mail, um correio que manda cartas para quantas pessoas se puder clicar.
Benefícios e malefícios dessa tecnologia estão sendo discutidos por gente muito mais competente que eu.
Quero falar sobre o esquecimento das pessoas em relação ao outro.
O contar “causos” , justamente o que estou escrevendo.
O velho e salutar hábito de aproximar culturas pelas historias e estórias, conhecidas ou não, engraçadas ou tristes, marcantes ou indeléveis, mas coisas da vida.
Este ócio da conversa tem intrinsecamente um efeito de purificação da mente, como se fosse um seção de analise, porque recoloca as ideias no seus devidos lugares.
Morei no Japão por algum tempo e lá todos, depois do trabalho tem a doce e rotineira mania de ir a um bar para discutir problemas de trabalho e relacionamento. Isso todos os dias de segunda a sexta.
Dai a expressão: “Conheço-o muito bem de nossas conversas”.
Só assim se faz amizades sólidas, com contato humano, olho no olho: mente prestando atenção na outra mente.
O aprendizado deste tipo de conhecimento é incomensurável, é isto que se chama de cultura, aquela informação que passa de pai para filho, tal e qual civilizações antigas faziam.
Conhecimento também se absorve da coisa prática, da experiência participada e da busca do empírico.
O modernismo e a tecnologia estão acabando com isso e cabe a nós resgatar, com adaptações, o bom e antigo deleite de aproximar pessoas, de falar depois de escutar.
Por isso o titulo desse artigo:
“O melhor e mais caro presente da atualidade é o tempo”, tempo esse que se pode oferecer ao outro: o presente de estar presente.
roberto.garini@sonoticiaboa.com.br