Um presente moldado pela modernidade: pais e filhos da tecnologia

zimbotriobox
Comercial
Por Roberto Garini
Coisa da beatice da minha mãe.
Era para me chamar Paulo Roberto, escolha de meu irmão, mas nasci de 7 meses, parto complicado…
No dia seguinte as professoras do grupo foram até a maternidade e alguém falou que tinha sido graças a Sto Antonio que eu estava vivo, aí pronto: mais um Tonico em Atibaia.
Contra a vontade de meu irmão me chamo Antonio Roberto, graças a Sto Antonio , ou melhor, ao dia 13 de junho.
Mas foi por isso que minha filha do meio me ligou ontem cedo, me perguntando o que queria de presente de aniversário.
Imediatamente eu disse:
– Um cd de Bossa Nova.
Gosto da batida da Bossa Nova, da harmonia da Bossa Nova e me lembra muito do tempo de inicio da primeira faculdade.
Eu já morava perto do bar “sem nome”, entre o Mackenzie e a Faculdade de Filosofia da USP, na Maria Antonia, palco da guerra ente as duas escolas.
Foi lá que conheci Chico, Caetano, Gil, Tom Zé, Elis Regina, Claudia e tantas outras figuras da música popular brasileira que iam lá dar uma “canja”.
Não dá para esquecer este tempo. O tempo da boa música.
Mas voltando ao presente de aniversário, minha filha me liga novamente para me dizer que não dá para dar este presente.
– Pai, cd, não existe mais. Não existe loja que venda cd. De Bossa Nova então, pode esquecer.
Humildemente tentei argumentar que tinha visto em uma loja de livros no shopping.
Não adiantou, já estava sentenciado: o cd de Bossa Nova seria impossível.
– Pai, vou dar uma panela que você esta precisando e o cd de Bossa Nova você baixa da internet, tá.
Filho quando cresce acha que sabe daquilo que você precisa ou não precisa.
Eu sei disso porque também fui assim.
Afinal meio contente, meio descontente, comentei com meu sócio, gente da minha idade, e a resposta do meu comentário foi:
– Desculpa, velho, mas tua filha tá certa, não existe mais cd e de Bossa Nova então… Esquece.
Enfim recebi a panela. Linda, super moderna com cara de antiga. Coisa cara, chique…
Só que minhas comidinhas não vão ficar mais gostosas por isso, pois o que vale é o tempero, e esse é fruto da minha imaginação.
Mas a música aqui em casa vai ter que esperar eu aprender a “baixar” da internet, para poder ouvir outra vez o Zimbo Trio, mas com um jantar de panelas novas.
robertogarini@sonoticiaboa.com.br