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Proibidas de rir, mulheres reagem na web

Rinaldo de Oliveira
03 / 08 / 2014 às 00 : 00

Foto: reprodução
Mulheres desmoralizaram uma ordem estúpida do vice-primeiro-ministro turco.
Ele disse: “As mulheres não devem rir alto em público”.
Bulenc Arinc nunca iria imaginar que seu discurso iria desencadear uma gargalhada tão gigantesca, que se tornaria viral, inclusive.

Desde a última segunda-feira, milhares de mulheres estão rindo online emostrando sua alegria e desprezo ao primeiro ministro em selfies e fotografias postadas nos Twitters, Instagram e Facebook.

O riso desafiador acabou criando uma rede de gargalhadas entre turcas de todas as idades e camadas sócio-profissionais.
E o protesto ganhou corpo: mulheres de todo o mundo começaram a rir em público, nas redes sociais.

Várias #hastags começaram a surgir: “#direnkahkaha” (riso de resistência) e “#direnkadin” (mulheres resistentes).
“Direnk” significa “Resistir”, em turco, e “Kahkaha” significa “Rir ao máximo”, ou “Rir à gargalhada”.

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Segundo a ferramenta de pesquisa “Topsy Analytics” foram mais de 50 Mil os tweets “#direnkahkaha” enviados em três dias, desde segunda-feira passada.

O “conselho” do vice-primeiro-ministro turco foi durante um discurso pelo fim do Ramadã, na Turquia, país laico em que a maioria da população é muçulmana.

“As mulheres têm de saber ser contidas. Devem conhecer a diferença entre espaço público e espaço privado”, defendeu o governante.

Apoio masculino
Não foram só mulheres que se revoltaram contra as declarações segregacionistas de Arinc.
Homens também manifestam o seu repúdio pela tese do não se pode rir em público.

“Os homens de um país em que as mulheres não são autorizadas a rir são covardes”, postou no Twitter um cidadão turco, citado no Guardian.

Mea-culpa
Depois da repercussão negativa, o governante alegou que a frase sobre o riso teria sido retirada do contexto e que ele teria falado para “homens e mulheres, encorajando-os a adotar comportamentos eticamente correctos”. 

No desmentido à imprensa, Arinc argumentou que, se tivesse dito que as mulheres não deviam rir, estaria fazendo “algo irracional”.

Contudo, segundo ele, o discurso que durou cerca de 1 hora e meia foi sobre “boas maneiras e regras morais”.

Mas, ele não se referia ao riso natural, antes falava sobre aquelas mulheres que “riem de forma artificial”, como as que “vão de férias com os amantes, deixando para trás os seus maridos.”

Piorou
As explicações não acalmaram as manifestações de repúdio.
Até a Comissária Europeia para a Agenda Digital, Neelie Kroes, reagiu.

“LOL. Vou estar em Istambul em Setembro e hei-de rir quando quiser, Sr Arinc, muito obrigada”, dizia o seu post.

Arinc é membro fundador do AKP, Partido da Justiça e Desenvolvimento, do qual faz parte o Primeiro Ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que tem sido acusado de autoritarismo crescente e devassa da vida privada dos cidadãos pelos seus opositores.

Erdogan é candidato às primeiras presidenciais eleições diretas na Turquia, agora em Agosto.

Com informações do TheGuardian
Matéria sugerida por Karen Gekker

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