Doméstica constrói casa moderna com 150 mil reais

Bom gosto não tem classe social. Prova disso é o que Dona Dalva conseguiu fazer com pouco dinheiro.
Malvina Borges Ramos, a Dona Dalva, tem 74 anos, e é empregada doméstica.
Ela construiu uma casa – ou palacete, nas palavras dela – das mais novas, diferentes e repletas de história da Vila Matilde, na zona leste, periferia de São Paulo.
O imóvel foi construído com o dinheiro que ela juntou nos últimos anos: R$ 150 mil.
É pouco para comprar um imóvel pronto em São Paulo, mas os arquitetos, com experiências anteriores em construções econômicas, disseram que era possível demolir tudo e elaborar uma nova residência rapidamente – afinal, a família pagaria aluguel durante o processo.
“Desenhamos uma obra muito simples de executar”, explica Pedro Tuma, do escritório Terra e Tuma Arquitetos Associados.
A casa ganhou o prêmio internacional “Building of the Year 2016” (melhor construção do ano), promovido por um dos sites mais importantes do segmento no mundo, o ArchDaily.

A casa nova
O térreo concentra as principais áreas de uso da moradora, e o primeiro andar, apenas o quarto do filho e a horta.
Os 95 m² se estruturam em lajes pré-moldadas e blocos de concreto aparentes.
Foram quatro meses para fixar os alicerces e outros seis de finalização até que, em maio deste ano, dona Dalva mudou-se de volta, feliz com sua moradia.
E ela já faz planos: quer armários planejados e, quem sabe, deixar o piso “acabadiço”, como ela se acostumou a ver por aí. “Jogo na loteria, mas, se não der, não tem problema. A gente, tendo fé, vence.”
Veja a casa:
História
Dalva saiu de Brumado, BA, há quase 50 anos, em busca de uma vida melhor.
“Meu pai montava nossa cama com madeira e folha de coqueiro. Lembro-me daquela época e até pergunto: isso tudo é de verdade mesmo?”, reflete a diarista, que sempre se esforçou para guardar um pouco de cada salário.
Vinte anos depois, a primeira conquista: adquiriu um cantinho só para ela e Marcelo, seu único filho, e saiu da casa dos patrões.
A economia sempre continuou firme e forte no final do mês, ao contrário da casinha.
Em 2011, o imóvel estava em condições precárias, a ponto de parte do teto ceder sobre a cama.
Mas antes que o pior acontecesse, ela conseguiu construir a casa nova.
Com informações Arquitetura & Construção