Sem preconceito: “Há meninas com pênis e meninos com vagina”

A Espanha lançou uma campanha ousada e necessária para esclarecer a população que não deve haver preconceito contra crianças transexuais… aliás, nenhum tipo de preconceito é saudável.
“Há meninas com pênis e meninos com vagina. É simples assim. A maioria deles sofre diariamente, porque a sociedade não conhece essa realidade”.
Foi o que se leu esta semana em 150 cartazes com o desenho de quatro crianças nuas e sorrindo. (foto abaixo)
Os cartazes foram colocados em ônibus e estações de metrô nas comunidades autônomas (Estados) de País Basco e Navarra, no norte da Espanha.
A Chrysallis, autora da campanha, é uma associação de famílias de menores transexuais e quis dar visibilidade à situação em que vivem crianças transexuais.
“O cartaz mostra como nossas genitálias não têm nenhuma importância, mostra crianças felizes independentemente do que têm entre as pernas”, disse Beatriz Sever, porta-voz da Chrysallis, à BBC.

Ela explica que a campanha busca falar de um problema enfrentado por muitas crianças e suas famílias e gerar um debate com base em argumentos racionais e científicos.
“Queremos transmitir a mensagem de que a natureza não é uma máquina de xerox, que a natureza é diversidade.”
A campanha explica que uma pessoa transexual não sente pertencer ao sexo biológico com o qual nasceu.
“A transexualidade é a condição em que o gênero de uma pessoa (aquele percebido por ela) não corresponde com o que lhe foi designado com base em sua genitália ao nascer”, explica a organização Chrysallis em dos seus folhetos informativos.
Polêmica
A campanha causou polêmica.
De acordo com Beatriz Sever, porta-voz da Chrysallis, um dos cartazes foi rasgado, uma cruz foi colocada sobre outro, e, em um terceiro, foi desenhado um pênis e uma vagina.
“Mas isso só aconteceu com alguns”, disse Sever à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
“Na organização, temos membros que são católicos e de diferentes inclinações políticas. Só um grupo bem pequeno da sociedade rejeitou a campanha. Não tem nada de ofensiva. São corpos de crianças, é parte da natureza”, afirma Sever.
Com informações da BBC