Jovem empreendedor entrega em locais onde lojas não entram: Favela Xpress

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Por Rinaldo de Oliveira
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O Jovem empreendedor Givanildo Bastos, de 21 anos, criou o Favela Xpress - Foto: Reuters

Um jovem empreendedor de verdade. Um rapaz da periferia de São Paulo enxergou uma oportunidade de negócio em um problema enfrentado pela comunidade dele: a falta de entregas de encomendas.

Por medo de assaltos, várias lojas de grande porte bloquearam CEPs e deixaram de entregar produtos comprados por moradores das chamadas “áreas de risco”, como Paraisópolis, na zona sul de São Paulo. Estamos falando da segunda maior favela da cidade, onde vivem mais de 100 mil pessoas.

Foi com a ideia de facilitar a vida dessas pessoas que o Givanildo Pereira Bastos, de 21 anos, criou o Favela Brasil Xpress. Ele conta que o projeto começou pequeno, apenas como uma rede de apoio durante a primeira crise da Covid-19, quando houve dificuldade em receber doações dentro da comunidade.

Aí o Givanildo desenvolveu uma logística capaz de solucionar o problema para chegar a todos os pontos de Paraisópolis, que tem ruelas estreitas e irregulares, como um labirinto, alta densidade populacional e áreas consideradas inseguras.

Nos últimos quinze meses, o Favela Brasil Xpress fechou parceria com Americanas, Dafiti, Total Xpress, Via Varejo e recentemente, o projeto levou o Prêmio BBM de Logística, considerado o Oscar do setor, na categoria “startup”.

Como funciona

Quando faz uma compra em uma plataforma de e-commerce parceira do Favela Xpress, o pedido do cliente é encaminhado para um centro de distribuição, onde as encomendas são separadas por setor, região e entregador para depois seguir até residência do comprador.

Em Paraisópolis, os pedidos são transportados via carro, moto, bicicleta, tuk-tuk e até mesmo a pé pelo Favela Xpress.

“Ultimamente, a gente está conseguindo receber nossos produtos em casa. Eu mesmo dava o endereço da casa da patroa da minha mãe, quando minha mãe vinha do trabalho ela trazia para mim. Hoje dou o endereço da minha casa e número”, disse Francisco Jefferson Silva, de 18 anos, que vive em Paraisópolis.

Gerou renda e emprego

Além de viabilizar entregas, a iniciativa também gerou renda e empregos na região, porque todos os entregadores moram na própria comunidade.

Atualmente, a empresa está com 90 funcionários e carrega projeções otimistas para os próximos meses, à medida que a tendência do comércio eletrônico prevalece no pós-pandemia.

E Paraisópolis opera como base modelo do Favela Brasil Xpress, com outras bases em Heliópolis, Diadema, Capão Redondo e Cidade Júlia, no Estado de São Paulo; Rocinha e Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro; e Betim, em Minas Gerais, com planos de expansão.

Prêmio internacional

Em janeiro, o projeto participou de um desafio de logística urbana promovido pelo consulado britânico no Brasil e venceu em 1º lugar entre 40 empresas como ideia inovadora, sustentável e social.

“A gente não tinha noção de quanto os moradores de favelas consomem dentro do e-commerce”, disse.

“Só em Paraisópolis, hoje, chegam uma média de 800 entregas por dia. Essa carga, em valor, representa em torno de 500 mil reais, ou seja, 500 mil reais que entram por dia de mercadoria que é consumida pelos moradores”, concluiu.

Integrante do do Favela Brasil Xpress entregando em Paraisópolis - REUTERS/Leonaro Benassatto

Integrante do do Favela Brasil Xpress entregando em Paraisópolis – REUTERS/Leonaro Benassatto

Funcionário da Favela Brasil Xpress entregando em Paraisópolis - Foto: REUTERS/Leonaro Benassatto

Funcionário da Favela Brasil Xpress entregando em Paraisópolis – Foto: REUTERS/Leonaro Benassatto

A Favela Xpress faz entrega em "áreas de risco"- Foto: REUTERS/Leonaro Benassatto

A Favela Xpress faz entrega em “áreas de risco”- Foto: REUTERS/Leonaro Benassatto

Com informações da IstoÉ