Médicos fazem 1º transplante com coração de porco para humano

-
Por Rinaldo de Oliveira
Imagem de capa para Médicos fazem 1º transplante com coração de porco para humano
A equipe do cirurgião Bartley Griffith fez o transplante com coração de porco e monitora o paciente para evitar rejeição - Foto:  University of Maryland Medicine / Divulgação

Pela primeira vez, médicos conseguiram fazer um transplante de coração de porco para um humano vivo.

A esperança dos cientistas é que esse tipo de tecnologia venha a abrir portas para facilitar os transplantes entre animais e humanos no futuro, diminuindo a fila de pessoas que precisam de um novo órgão.

O paciente, David Bennett, tem uma doença terminal e morreria sem o procedimento, por isso ele decidiu arriscar. A cirurgia, feita na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, durou oito horas.

O coração veio de um porco geneticamente modificado para não apresentar algumas substâncias que causam rejeição em humanos, além de outras características para encaixar perfeitamente no paciente. Os médicos comemoraram, mas com cautela.

“Está funcionando e parece normal. Estamos muito animados, mas não sabemos o que o amanha vai trazer. Isso nunca foi feito antes”, explica Bartley Griffith, diretor do programa de transplante da Universidade, em entrevista ao jornal The New York Times.

Em outubro de 2021, outro time de médicos americanos conseguiu fazer um transplante de fígado de porco para humano, mas o paciente estava com morte cerebral.

Procedimento de risco

O paciente David decidiu apostar no procedimento inédito por falta de opções.

“Eu quero viver. Sei que é um tiro no escuro, mas é minha última chance”, disse, antes do procedimento, aos profissionais envolvidos na cirurgia.

Ele já tinha esgotado todos os tratamentos possíveis e estava muito doente para se qualificar para um transplante tradicional.

Griffith, que é o responsável pelo estudo, conta que sugeriu o procedimento a David em dezembro, mas não sabia se o paciente estava entendendo como seria a cirurgia. “Foi quando ele perguntou se iria grunhir”, lembra o médico.

O filho de David também não acreditou que o pai estava falando sério quando contou sobre o coração de porco.

“Ele estava no hospital há mais de um mês, e eu sei que é normal que os pacientes entrem em delírio. Pensei que não havia chance de isso acontecer”, conta.

Durante a cirurgia, os médicos perceberam que o coração não cabia perfeitamente, e tiveram que fazer algumas modificações na hora para fazer o órgão funcionar corretamente.

David deve ser desligado da máquina na quinta-feira (13/1).

Segundo os médicos, o órgão está funcionando como esperado e, no momento, já faz a maior parte do trabalho. David está sendo monitorado para qualquer sinal de rejeição do órgão, e infecções.

Cautela

Apesar do sucesso, os médicos pedem cautela. É preciso acompanhar o desenvolvimento do paciente — David está acordado, mas ligado a uma máquina que ajuda o coração a bater corretamente, o que é normal para pessoas que passam por esse tipo de procedimento.

“É importante ter perspectiva e entender que demora muito tempo para amadurecer uma tecnologia como esta”, explica David Klassen, chefe médico da United Network for Organ Sharing, uma organização americana que promove os transplantes.

Com informações do Metrópoles