Medicamento usado para HIV interrompe progressão de câncer

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Por Andréa Fassina
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A lamivudina, um inibidor utilizado na terapia do HIV, interrompeu a progressão da doença Foto: Divulgação

Novas pesquisas clínicas mostram que a lamivudina, um inibidor utilizado na terapia do HIV, interrompeu a progressão da doença em 25 % em pacientes com câncer colorretal metastático.

Os resultados do estudo, publicado no Cancer Discovery , levantam a possibilidade de uma direção promissora inesperada no tratamento do câncer, não apenas no câncer colorretal.

O estudo incluiu 32 pacientes com câncer de cólon metastático avançado cuja doença progrediu apesar de quatro linhas de tratamentos anteriores contra o câncer.

Experimento

Os primeiros nove pacientes receberam a dose padrão de lamivudina aprovada pelo HIV.

“Depois de receber apenas esse medicamento – nada mais – vimos sinais de estabilidade da doença”, diz o co-autor sênior David T. Ting, MD, do Mass General Cancer Center.

Após ajustar a dosagem em quatro vezes, outros 23 pacientes receberam terapia com lamivudina, onde foi altamente tolerada.

A equipe de pesquisa observou que 9 dos 32 pacientes, ou 28%, apresentavam estabilidade da doença ou resposta mista no final do estudo.

“Isso fornece evidências de que um medicamento para o HIV pode ser reaproveitado como terapia anticâncer em pacientes com câncer metastático”, diz Ting. Embora a equipe de pesquisa não tenha visto o encolhimento do tumor, os resultados são encorajadores.

Terapia Antirretroviral

“Se virmos esse tipo de resposta com apenas um medicamento para o HIV, o próximo teste óbvio é ver o que mais podemos alcançar com a HAART, ou terapia antirretroviral altamente ativa”, acrescenta Ting, referindo-se ao regime padrão de três medicamentos para tratamento do HIV.

As primeiras pistas para esse teste incomum de drogas surgiram no laboratório de Ting e nos de seus colaboradores nos últimos dez anos.

A equipe descobriu que até 50% do DNA de um tumor era composto de “elementos repetitivos”, que antes eram considerados “DNA lixo”.

“Apenas as células cancerígenas produziram esses elementos repetitivos, não as células saudáveis”, diz Ting.

Em seus estudos pré-clínicos, Ting descobriu que as células do câncer colorretal eram sensíveis à lamivudina, reduzindo sua capacidade de se mover.

A equipe também descobriu que a droga induziu danos no DNA e respostas de interferon, uma indicação de que a droga desencadeou uma resposta inflamatória nas células tumorais.

Embora não tenha sido comprovado ou avaliado neste estudo, Ting teoriza que o emparelhamento da terapia com inibidores da transcriptase reversa com a imunoterapia pode estimular as células imunes a se envolverem nesses cânceres.

Com informações da Science Daily