Professora cria princesa preta e incentiva inclusão em sala de aula

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Por Monique de Carvalho
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A Preta Pricesa tem ajudado alunos a se reconhecerem mais em histórias infantis - Foto: Diogo Ajala/Semed

Com vestido e coroa de princesa, a professora Andreia Souza Cássio faz valer o título de educadora! Ela criou uma Preta Princesa e tem falado sobre inclusão de forma leve e lúdica aos alunos de uma escola municipal em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.

A personagem, que apareceu agora na mídia, existe há cinco anos e ensina aos pequenos sobre representatividade no ensino, sobre a história e a cultura afro-brasileira. As aulas da Preta Princesa levam histórias, danças e cantigas que fazem os olhos dos alunos brilharem.

Andrea conta que viu que precisava recriar o cotidiano da escola e, desde então, “convida” a princesa para as aulas. Uma professora e tanto, não é?!

Por que criou a princesa preta?

Professora da Escola Municipal de Educação Infantil Ivone Calarge Zahran (Emei), Andreia começou a perceber que as crianças não se identificavam com as histórias que eram contadas nos livros. Foi então que ela resolveu mudar um pouco esse contexto.

“Eu trabalhava na Emei do Tia Eva e fazia leitura de histórias. Lá comecei a perceber que algumas crianças se pareciam comigo, mas que nós não parecíamos com as histórias. Então um dia tive a ideia de ir de princesa e recriar o cotidiano ali mesmo”, explica.

Sobre a estratégia em sala de aula, Andreia detalha que começou usando o próprio vestido de formatura e pegou uma coroa emprestada da mãe.

“Comecei a contar as histórias para eles e percebi que os olhos deles brilhavam. Desde então comecei a pensar que o caminho era por ali”, diz Andreia.

Alunos mais felizes

Hoje, além de se vestir de princesa, Andreia também leva uma boneca, que entra nas histórias como filha dela.

Assim como viu as crianças felizes, ela explica que se sentiu bem por si mesma. Isso porque quando era ela quem estava na posição de aluna, não via ações parecidas com a dela.

“No início eu fiz uma recontagem na história da princesa Tiana, então transformei em A Princesa, o Sapo e o Pandeiro. Inseri o instrumento musical porque toco e fui adaptando as cantigas para não fugir da temática”, explica Andreia.

Pesquisa e aperfeiçoamento

A Preta Princesa não mudou apenas o rumo da vida das crianças. Andreia também sentiu necessidade de se especializar mais sobre o modelo de abordagem. Ela então entrou em uma pós-graduação de Cultura Afro-Brasileira.

“Fiz para ter embasamento e conseguir falar sobre. Como sou filha de Mãe de Santo, sempre tivemos o entendimento, mas precisamos desmistificar as coisas que são passadas para a gente”.

Ela comenta que sempre teve essa educação em casa, mas não aprendeu sobre como poderia levar os conhecimentos para casa.

Representatividade

“Minha mãe me educou para isso. Sempre soube que eu era uma mulher negra e ainda tenho dois filhos. Acho que é importante levar essa educação e desde então estou trilhando esse caminho”, diz

Além de garantir a representatividade dentro da própria sala de aula, a professora também faz participações especiais com colegas.

“Todo lugar que vou, tento levar. Quando colegas me convidam também vou e acho importante destacarmos que isso precisa entrar nas políticas públicas”.

Contar histórias é importante

Em relação à importância de contar histórias sobre o povo preto e mostrar para as crianças que existem pessoas de todos os tipos e todas as cores, ela argumenta que essas ações refletem tanto nelas quanto nos adultos.

“A gente acha que os pequenos não sofrem com racismo e preconceito, mas sofrem sim. E decidi colocar o nome de Preta Princesa não pelas crianças porque elas não fazem essa distinção, mas porque elas replicam isso em casa”, finalizou Andreia.

Pedagoga também participa de aulas de outros colegas. - Foto: Diogo Ajala/Semed

Pedagoga também participa de aulas de outros colegas. – Foto: Diogo Ajala/Semed

Andreia se transforma em Preta Princesa durante suas aulas. - Foto: Diogo Ajala/Semed

Andreia se transforma em Preta Princesa durante suas aulas. – Foto: Diogo Ajala/Semed

Com informações de Campo Grande News