Casa de favela brasileira vence concurso internacional de arquitetura

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Por Rinaldo de Oliveira
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A casa de favela brasileira, em Belo Horizonte, venceu como a Casa do Ano no concurso internacional Building of the Year 2023 - Foto: Divulgação/Leonardo Finotti

Uma casa de uma favela brasileira venceu como a Casa do Ano em um concurso internacional de Arquitetura. Ela é do jovem Kdu dos Anjos e ganhou o Building of the Year 2023, concurso internacional de arquitetura promovido pelo Archdaily.

Foi o próprio Kdu dos Anjos, o proprietário da casa, quem confirmou a informação em um post na conta dele no Instagram. “Minha casa é a número 1 do mundo”, comemorou emocionou:

“Juro que tô em prantos, não sei nem o que falar. Por enquanto fica aqui meu “só força!”!!! Esse prêmio é pra todas as periferias do mundo! Amanhã tem festa na favela!!!”, escreveu.

A Casa no Pomar do Cafezal, como é chamada, fica numa estrada de terra, em uma viela íngreme do Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, que abriga cerca de 100 mil pessoas.

A construção vencedora

A casa do Kdu foi construída com os mesmos materiais das outras casas do gigantesco complexo de favelas.

A fachada de tijolo e cimento não é pintada, as tubulações de água são externas, assim como as ligações elétricas, e suas janelas são de ferro, como as das casas vizinhas.

A construção tem um custo parecido com as demais da favela, a diferença está na forma como os elementos foram utilizados, com especificações de projeto e técnicas construtivas que permitiram a criação de um espaço eficiente e com qualidade ambiental.

Algo semelhante é visto com o desenho de janelas e portas que, além de permitir a entrada de luz natural e dar mais luminosidade ao ambiente, geram ventilação cruzada que resfria o ambiente. Já as tubulações externas de água ajudam a evitar vazamentos.

O projeto e arquitetos

O projeto da casa de favela brasileira foi dirigido e assinado pelos arquitetos Fernando Maculan e Joana Magalhães, integrantes do Levante, coletivo de voluntariado em favelas e que reúne diversos profissionais como engenheiros, eletricistas, paisagistas e designers, além de estudantes.

A casa, que tem uma área de 66 metros quadrados e dois níveis, fica sobre uma forte estrutura cujas fundações também ajudam a sustentar outras casas. Suas paredes foram construídas com tijolo vazado usado na horizontal, uma mudança sutil que virou a fachada de cabeça para baixo e trouxe benefícios adicionais.

“Por serem horizontais, dão forma a uma parede mais larga e com maior inércia térmica, o que se traduz em um ambiente que vai demorar mais a aquecer quando há temperaturas elevadas e a preservar um pouco mais o clima interno quando está frio,” explicou o arquiteto.

As finalistas estrangeiras

A casa da favela brasileira foi uma das cinco finalistas da categoria e era considerada favorita.

Único concorrente com impacto social, o projeto disputou o título com:

uma casa de vidro, perto de Berlim, idealizada para uma família pequena que recebe muitos convidados;

uma casa-abrigo, construída por um casal de vietnamitas pensando na aposentadoria; uma casa em uma vila residencial numa área de clima desértico na Índia;

e uma casa em terracota construída para uma família no México.

Essa iniciativa compartilha o conhecimento e a experiência adquiridos com as pessoas das comunidades, cujos aprendizados têm sido essenciais para os responsáveis pelo projeto.

Veja o post do Kdu comemorando:

 

 

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Com informações do CorreioBraziliense