Pesquisadores brasileiros desenvolvem vacina contra tuberculose e Covid

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Por Vitor Guerra
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Ao combinar pedaços do coronavírus e da bactéria encontrada na BCG, esses pesquisadores de universidades brasileiras avançaram no desenvolvimento de uma vacina que protege contra o covid e a tuberculosa. Foto: Reprodução/Freepik.

Pesquisadores de quatro universidades brasileiras em parceria com duas instituições estrangeiras desenvolveram uma vacina contra a tuberculose e a Covid-19. Nos testes realizados em laboratório, a vacina mostrou grande eficácia para as duas doenças.

O trabalho, considerado pioneiro na Saúde, tem sido uma grande promessa para sanar o problema de contaminações em nosso país.

Após as primeiras fases, feitas em camundongos, os pesquisadores partem para os testes em humanos, mas ainda não divulgaram como eles serão feitos.

Recombinação de DNA

Nos hospitais brasileiros, quando bebês estão na maternidade recebem a vacina BCG (Bacilo de Calmette e Guérin), um imunizante feito com uma bactéria que não causa danos ao organismo e protege contra a tuberculose.

Foi com base na BCG que os pesquisadores iniciaram o estudo em roedores.

“Usamos biologia sintética, que é, basicamente, uma espécie de engenharia na biologia”, contou André Báfica, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC.

O processo envolve misturar pedaços do coronavírus inseridos no DNA da bactéria da BCG.

“Você vai lá no DNA da bactéria e coloca um pedaço de DNA que codifica antígenos do coronavírus”, explicou o pesquisador.

Esses pedaços do corona são duas proteínas específicas, a S e a N. Essas proteínas são encontradas em todas as variantes do vírus, o que faz os pesquisadores acreditarem que a vacina possa valer para todas elas.

Inovação na saúde

A vacina brasileira que pode imunizar contra Covid e tuberculose é uma grande promessa no campo da inovação médica.

“Este é um trabalho pioneiro que demonstra que um protótipo vacinal poderia ter ação contra a tuberculose e covid. mas para chegar a esta fase ainda é preciso um longo caminho”, explicou André.

As duas doenças são perigosas, e ter um imunizante que possa combater os dois males ao mesmo tempo, seria um avanço para a sociedade.

“Nós estamos mostrando inovação, que é um protótipo vacinal à base da BCG, que se mostrou altamente efetiva contra a covid-19 em um modelo animal”, disse o pesquisador.

Os pesquisadores das universidades brasileiras que desenvolveram a vacina agora querem avançar para os testes em humanos.

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Investimento

O investimento na pesquisa é grande e os pesquisadores receberam R$ 1,7 milhão do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

O governo de Santa Catarina também disponibilizou, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), duas bolsas de pós-doutorado.

Ao todo, são seis instituições de pesquisa que estão empenhadas no projeto: as nacionais são Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Federal do Rio de Janeiro, além do Instituto Butantan.

As estrangeiras são Universidade de Cambridge (Reino Unido) e Instituto Karolinska (Suécia).

No Brasil, a Covid-19 atingiu 37,5 milhões de pessoas, enquanto 70 mil novos casos de tuberculose são registrados por ano no país, segundo o Ministério da Saúde.

 

Andre Báfica e Daniel S. Mansur, professores da UFSC, foram responsáveis pela coordenação e execução dos testes da pesquisa. Foto: Reprodução/UFSC.

Andre Báfica e Daniel S. Mansur, professores da UFSC, foram responsáveis pela coordenação e execução dos testes da pesquisa. Foto: Reprodução/UFSC.

Com informações de UFSC.