Diabetes: terapia inovadora ensina o corpo a produzir insulina e aposentar agulhas

Notícia boa para pacientes com diabetes tipo 1. Cientistas apresentaram uma terapia celular inovadora que pode transformar o tratamento da doença e acabar com a necessidade de aplicar insulina diariamente.
A nova terapia, desenvolvida por pesquisadores do Hospital Geral de Toronto, no Canadá, em parceria com a Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, utiliza células-tronco pluripotentes. Em laboratório, elas são transformadas em ilhotas pancreáticas – estruturas especializadas na produção de insulina – e depois implantadas no fígado dos pacientes.
Após um ano, 10 dos 12 participantes do teste não necessitavam mais de aplicação externa de insulina. “Em muitos casos, eles estão livres da insulina pela primeira vez”, afirmou Trevor Reichman, diretor do programa de transplante de pâncreas e ilhotas do Hospital Geral de Toronto e autor principal do estudo, publicado no New England Journal of Medicine.
A terapia
A terapia, conhecida como zimislecel, é aplicada uma única vez e está sendo considerada um passo para a cura funcional para o diabetes tipo 1, doença que atinge mais de oito milhões de pessoas no mundo, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes, informou o NYT.
Com um “transplante microscópico”, ela faz uma infusão de células pancreáticas feitas em laboratório, que são cópias artificiais das ilhotas de Langerhans.
Após implantadas, elas detectam a glicose, produzem insulina e atuam nos hormônios como se fosse as células originais. Aí o organismo passa a produzir a própria insulina e o diabetes deixa de ser uma condição permanente.
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Diabetes tipo 1
O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune crônica que atinge principalmente crianças e jovens. Ela faz o sistema imunológico atacar e destruir as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina — hormônio essencial para regular o açúcar no sangue.
Sem esse hormônio, o excesso de açúcar no sangue causa complicações e faz as células a “morrerem de fome”.
Diferente da diabetes tipo 2, que pode ser controlada com mudanças de estilo de vida e medicamentos orais, a diabetes tipo 1 exige monitoramento constante da glicose e aplicações diárias de insulina. Mas isso pode mudar com o novo tratamento.
Quando chega ao mercado
A empresa americana Vertex, que desenvolveu a técnica para cultivar ilhotas pancreáticas em laboratório a partir de células-tronco humanas, disse que no ensaio clínico com 14 voluntários, o resultado foi imediato.
As células passaram a regular a glicemia produzindo insulina natural.
Segundo os pesquisadores, os efeitos colaterais observados foram leves ou moderados. Dois pacientes morreram durante o período do estudo, mas as mortes não foram relacionadas à terapia.
O estudo seguirá agora para a fase 3 de testes clínicos, com 50 pacientes. A expectativa é de que o tratamento possa ser submetido à aprovação regulatória dos Estados Unidos em 2026, para depois chegar ao mercado.
