Bruno Gagliasso fala sobre Honestino, o filme; estreia dia 9 no Festival do Rio

O Brasil vai conhecer pelo cinema a história verdadeira de um estudante calado pela ditadura. O ator Bruno Gagliasso, que vive Honestino Guimarães, falou sobre o jovem, ex-presidente da UNE, União Nacional dos Estudantes, que foi sequestrado em 1973, aos 26 anos em Brasília, e é um dos centenas de desaparecidos da ditadura militar.
Esta semana saiu o primeiro cartaz do filme, que estreia dia 9 no Festival do Rio e teve várias cenas gravadas na UnB, Universidade de Brasília. Foi lá que Honestino surgiu como líder estudantil e presidente da Federação dos Estudantes. O jovem foi preso cinco vezes por ser militante do movimento e desapareceu depois da última detenção.
“Filme mais atual impossível. Honestino foi como muitos que foram às ruas brigar pela democracia. Honestino vive”, afirmou Bruno Gagliasso, em entrevista ao Só Notícia Boa.
Quem foi Honestino
Honestino Guimarães nasceu Itaberaí, Goiás, e se mudou com a família para a Capital Federal em 1960, quando a cidade foi inaugurada.
Em Brasília, foi estudar Geologia na UnB e virou militante no movimento estudantil. Se filiou à Ação Popular (AP) e, pouco tempo depois, se tornou presidente do Diretório Acadêmico de Geologia da UnB, numa época em que manifestações de estudantes eram reprimidas pelos militares. Depois de desaparecer, ele ainda foi expulso da universidade.
Em 2024, Honestino teve a expulsão simbolicamente revogada pela UnB e recebeu a diplomação como geólogo post mortem, a primeira concedida na história da Universidade. A cerimônia foi acompanhada pela família dele.
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Ponte Honestino Guimaraes
E para ninguém esquecer da história desse jovem valente, Brasília trocou o nome de uma ponte importante da cidade para homenagear Honestino.
Em 2015, a Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou uma lei que mudou o nome da ponte que homenageava o general Costa e Silva, segundo presidente da ditadura militar no Brasil (1967-1969) e figura central no golpe militar de 1964, e deu à ponte o nome de Honestino Guimarães.
O governador Ibaneis Rocha, apoiador de Jair Bolsonaro, vetou a mudança na época, mas o veto dele foi derrubado pelos deputados da CLDF e, em 2022, a ponte 2, que liga Brasília ao Lago Sul e passa sobre o Lago Paranoá, recebeu oficialmente o nome de Honestino Guimarães.
História real
O filme é uma fusão de documentário e ficção
O diretor do filme, Aurélio Michiles disse que o longa vai levar às telonas a verdadeira história de Honestino, por isso foi gravado em Brasília. Ele estudou na UnB no mesmo período que Honestino e sabe bem o que viveu naquela época sombria.
“O objetivo desse filme é de fazer a arqueologia da história, de uma forma em que a história não é passado e, sim, presente e viva. Recriar esse pedaço da nossa história para mim é um privilégio, porque pessoas que fazem parte da minha geração estão mortas e eu estou vivo”, lembrou.
E o ator Bruno Gagliasso falou da importância de manter viva a memória de Honestino.
“Honestino é uma das vítimas daquela época, a nova juventude precisa ouvir, entender e compreender. Esse é o nosso e o meu papel, por isso que aceitei fazer esse filme”, concluiu.
O filme estreia dia 9 de outubro no Festival do Rio:
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