Museu da Abolição recebe doação histórica: obra apreendida pela Receita

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Por Bruno M.
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Por Big Richard
O Museu da Abolição (Ibram/MinC), localizado em Recife (PE), recebeu esta semana, uma doação histórica.
A escultura (foto)  “Samburu Dance I”, da artista holandesa Marianne Houtkamp, foi doada pela Receita Federal ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram/MinC).
É a primeira vez que uma obra de arte apreendida pela instituição é destinada a um museu do Ibram.

A escultura passou a pertencer à União após tentativa de importação, com uso de documentos falsos, na Alfândega do Aeroporto Internacional de Viracopos.

A obra, avaliada em mais de R$ 61 mil no mercado internacional, havia sido declarada por apenas R$ 5 mil.
A fiscalização da Receita Federal detectou a irregularidade e iniciou processo que levou à perda da mercadoria.
O fato foi comunicado ao Ministério Público Federal.
O importador está sujeito a processo criminal por descaminho, por não pagamento dos tributos devidos na importação, mediante fraude, e por apresentação de documentos falsos às autoridades alfandegárias.
Além de representar um ganho para o patrimônio artístico do Ibram, a doação evidencia os benefícios da cooperação entre os dois órgãos.
O Ibram enviou a Campinas uma museóloga, que detectou aparentes divergências entre a obra declarada e aquela que se encontrava em Viracopos.
A Receita Federal entrou em contato com a artista, que gentilmente emitiu novo certificado de autenticidade para a escultura.
A partir deste caso, a tendência é que a interação entre os órgãos seja intensificada.
A Receita Federal pode buscar o auxílio do Ibram sempre que tiver dúvidas sobre a identificação, ou a autenticidade de obras de arte.
Durante um processo que apure uma infração, por exemplo, quadros, esculturas e outras obras de arte podem ser mantidas em museus do Ibram para a melhor preservação das peças.
Com isso, a Receita Federal ganha eficiência na identificação de obras de arte e os museus brasileiros podem ganhar obras que estejam sendo importadas irregularmente.
A Obra e a Artista
A escultura “Samburu Dance I” é feita de gesso e pátina de bronze.
Ela tem 1,35m de altura e pesa cerca de 150kg.
A obra retrata uma mulher da tribo Samburu, do Quênia, país africano.
Levemente avariada, a peça vai passar por restauração antes de ser exibida ao público.
A autora, Marianne Houtkamp, é uma artista internacionalmente consagrada por suas esculturas coloridas em bronze.
Durante parte de sua vida artística, morou na Reserva Nacional de Samburu e dedicou-se a retratar pessoas das tribos locais.
A artista envolveu-se a tal ponto com a cultura e com o povo da região que não se limitou a retratar pessoas, criando, em 2000, a Fundação Watoto (criança, na língua Samburu), voltada para projetos de educação e saúde dos nativos.
A direção do Museu da Abolição avaliou que a obra está afinada com os propósitos de valorização das tradições originárias do continente africano e sua relação com a formação da sociedade brasileira atual, tema referencial da instituição.
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O Museu
O Museu da Abolição surgiu nos anos 1950, a partir de proposta elaborada pelo professor Martiniano Fernandes, em conjunto com a sociedade civil organizada.
Numa homenagem aos abolicionistas pernambucanos Joaquim Nabuco e João Alfredo, a proposta de criação do museu foi encaminhada para o senado federal através do senador Joaquim Pires, no que resultou no projeto de lei N 39 de 14.05.1954.
Consta do texto do projeto que “se solicite à abertura de crédito necessário à aquisição do prédio onde residiu o Conselheiro João Alfredo, conhecido como Palacete da Madalena, para fazer adaptações e a instalação, nele, da Sede do Museu da Abolição”.
Entre março e novembro de 2008 o Museu da Abolição (MAB), dando continuidade aos trabalhos do Seminário o Museu que nós Queremos (2005), iniciou um processo participativo pioneiro no Brasil visando a elaboração de uma nova proposta para sua exposição de longa duração.
A dinâmica foi iniciada em 2005 com a constituição de um grupo de trabalho que elaborou a missão e objetivos do MAB, em 2008 foi realizada a exposição campanha “O que a Abolição não aboliu” e a coleta de opiniões do público visitante, somando mais de 1500 sugestões, deixadas em cartões.
Em seguida, 10 rodas de diálogo culminaram no desenvolvimento do Macro-Roteiro para a Exposição de Longa Duração, aprovada na Plenária do dia 12 de novembro de 2008.
Agora o processo entra na fase de realização da exposição, pretendendo uma mobilização abrangente que dê conta de um número ainda maior de setores sociais, colocando-os como protagonistas do processo de construção da memória e do patrimônio no Museu da Abolição.
O tema da abolição é crítico nos debates atuais. Negar, resignificar, ignorar a Abolição é um ato político e de afirmação social.
O Museu da Abolição propõe uma ventura cooperativa, cumprindo seu papel social e apostando numa relação estreita entre o Museu e a sociedade.
Serviço:
Museu da Abolição
Rua Benfica, 1150 – Madalena – Recife – Pernambuco – Brasil
Tel.: +55 81 3228-3248
Site- www.museudaabolicao.com.br
Funciona de segunda a sexta feira: 09 às 17h. – Sábados-13 às 17 horas