Vendedor de bombom se formou: já é médico

Fotos: Jessé Soares/arquivo pessoal
Uma história de dificuldade, garra e superação.
Um jovem que vendia bombons nos ônibus se formou em medicina.
Jessé Soares conquistou o batalhado registro profissional na semana passada.
E mais que isso: ele já conseguiu emprego. Está trabalhando em um hospital do interior do Pará.
Jesse vendia bombons nos ônibus de Belém – e divulgava a foto acima – para pagar as despesas com material da faculdade de medicina da Universidade do Estado do Pará (UEPA).
“Foram vários momentos em que batia uma angústia de querer estudar e não ter condições, mas sempre vinha um sentimento de que, quando eu terminasse, as coisas seriam melhores. E estão melhorando”, comemora.
Comemoração
Casado e pai de duas meninas, Soares diz que espera receber o primeiro salário para poder comemorar a conquista com amigos e a família.
“A cerimônia na universidade foi simples, agora aguardo o fim do mês para receber e fazer uma comemoração com os amigos”, disse.
Segundo Soares, o próximo desafio é escolher uma área de especialização, que pode ser oncologia ou neurocirurgia.
“Estou estabilizando minha vida para fazer residência. Eu quero oncologia ou neuro, que são áreas que exigem bastante dedicação e estudo. Ainda não decidi se vou fazer as provas no final do ano, ou em 2016”, relata.

História difícil
Jessé Soares nasceu em Limoeiro do Ajuru, cidade com 25 mil habitantes localizada no nordeste do Pará, perto da ilha do Marajó.
Ele conta que passou mais da metade dos seus 25 anos no município, completando o ensino médio graças ao esforço da mãe, agente comunitária de saúde, e do pai, carpinteiro.
Como outros ribeirinhos, Soares aprendeu a pescar, colocar armadilhas no rio para capturar camarões, subir no açaizeiro, e as técnicas da marcenaria para produzir móveis e utilitários.
Sua primeira aprovação no ensino superior foi no curso de licenciatura em física, mas a pontuação obtida pelo então calouro garantiria vagas em cursos mais concorridos – foi daí que ele decidiu, em 2009, tentar cursar medicina.
Com isso, aumentaram os gastos, e o jovem precisou completar a renda vendendo bombons por R$ 0,50 nos coletivos da capital.
O tempo que o jovem gastava nos coletivos limitava as horas disponíveis para o estudo. Para conseguir se graduar, Jessé fez uma campanha nas redes sociais em 2013, arrecadando dinheiro suficiente para se manter até o final do curso.
A dificuldade serviu de motivação para garantir o futuro das filhas Ewelyn e Ana Clara. “Eu vou investir na educação delas, para que não aconteça com elas o que aconteça comigo. A minha história é legal porque terminou bem, mas não desejo o que eu passei para ninguém. Espero que elas tenham uma vida mais fácil”, disse.
Com informações do G1