Jovem larga profissão e ensina idosos a mexer na internet

Em tempos de desemprego, uma publicitária largou a profissão para virar uma espécie de neta de aluguel. Ela ganha dinheiro ensinando idosos a mexer no celular, na internet e nas redes sociais.
Há pouco mais de um mês, a mineira Bruna de Campos Barreto, de 28 anos, abandonou o emprego fixo em uma agência de Uberlândia, MG, para se dedicar ao projeto “Neta de Aluguel”. Um nicho de mercado interessante que promove a inclusão digital.
Ela diz que sempre teve muita paciência e atenção ao ensinar os pais e a avó a manusear o celular e computador.
Somado isso à facilidade de entender sobre as ferramentas digitais, ela resolveu transformar a iniciativa na nova profissão.
“Com a minha avó, eu comecei a montar um caderninho passo a passo porque ela tinha dificuldade em decorar as orientações. Meus amigos também me procuravam para ajudá-los e foi então que vi a oportunidade e criei um flyer (panfleto) para divulgar nas proximidades do meu prédio, conquistando meus primeiros alunos”, disse ao G1.
As dificuldades
Bruna conta que a maior dificuldade dos alunos é a memorização para realizar as funções.
Por isso, ela entrega um material de apoio para que depois da aula eles consigam realizar os trabalhos sozinhos.
O celular é o campeão de dúvidas, segundo ela.
Os idosos lutam para enviar mensagens, seja de SMS ou whatsapp e também para enviar fotos e adicionar contatos.
O que eles mais querem aprender a usar aplicativos, como o WhatsApp, Facebook, ferramentas do smartphone e notebook.
“É uma experiência incrível porque é gratificante quando eles chegam na aula seguinte e falam que conseguiram fazer algo sozinhos em casa. Eu espero que a neta de aluguel cresça e que eu consiga ajudar várias pessoas para promover essa independência delas”, comentou a publicitária.
A procura
Os atendimentos da professora começaram em julho do ano passado.
Com o aumento da procura, Bruna alugou um espaço no centro da cidade e passou a investir no novo negócio.
Atualmente, a Neta de Aluguel atende sete alunos na semana com aulas de 50 minutos de duração.
A faixa etária deles varia de 28 a 87 anos.
Aluno
Cansado de ficar para trás, ao ver a família e os amigos no trabalho dominando o universo virtual, o professor universitário aposentado, Edvaldo Duarte de Freitas, de 70 anos, resolveu compensar o tempo perdido.
O problema é que nem a esposa, o neto e os colegas de trabalho tinham muita paciência para ensinar Edvaldo. Então o jeito foi voltar para a sala de aula, mas, dessa vez, na posição de aluno.
O professor contratou os serviços de Bruna e há um mês vem aprendendo a usar os aplicativos de mensagens, enviar e-mails e a utilizar as ferramentas do celular.
Edvaldo também é contador e percebeu que o aprendizado seria importante para alcançar melhores resultados no escritório em que trabalha.
“Toda a vida eu tive um bloqueio com celular e vi que profissionalmente passou a me fazer falta. Tenho clientes fora e recebia dezenas de mensagens que eu não sabia responder. Eu comecei a ficar constrangido, me tornei um troglodita do século 21. Agora o próximo passo é dominar o notebook”, disse o aluno.

Com informações do G1