Voluntários doam kits de proteção a cegos: 3 vezes mais vulneráveis à covid

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Por Só Notícia Boa
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Entrega de kits- Foto: divulgação / DV na Trilha

Você já parou pra pensar que os cegos são muito mais vulneráveis nessa pandemia de coronavírus? Eles usam as mãos para “enxergar” produtos em mercados, tocam em placas com escrita em braille para ler orientações, são segurados pelo braço quando pedem ajuda para se locomover e não têm como saber se estão a mantendo a distância mínima de 2 metros nas filas, como recomenda o Ministério da Saúde.

Por isso, neste sábado, 18, uma associação de Brasília arrecadou cestas básicas e itens de higiene e distribuiu para pessoas com deficiências visuais em situação de vulnerabilidade social que fazem parte do projeto DV (Deficientes Visuais) na Trilha. Os voluntários também deram dicas de como se proteger, fazendo a higienização das mãos, roupas, sapatos, dos objetos que usam e da própria casa. (vídeo abaixo)

“Pessoas com deficiência têm 3 vezes mais risco de contrair coronavírus” porque usam as mãos para “enxergar” o mundo, alertou a médica fisiatra Regina Fornari Chueire, que é diretora do centro de reabilitação Lucy Montoro de São José do Rio Preto, em São Paulo.

“Eles são muito mais vulneráveis. Existe o protocolo de como conduzir pessoa DV: ela segura no ombro ou cotovelo, justamente a área recomendada para as pessoas tossirem e espirrarem. Para escolherem produtos em supermercados eles usam as mãos para “enxergar”. Não conseguem saber quem está perto, ou distante, para se protegerem”, disse em entrevista ao SóNotíciaBoa Simone Cosenza, fundadora e presidente do projeto DV na Trilha – que existe há 15 anos faz inclusão de pessoas com deficiência visual por meio de ciclismo. Eles fazem trilhas em bicicletas duplas, com um condutor visual na frente e atrás uma pessoa com DV.

Desempregados

Não bastasse o risco ao coronavírus, a coordenação da campanha lembra que várias pessoas com deficiência visual estão passando necessidade, perderam o emprego e estão sobrevivendo com apenas um salário mínimo pago pelo BPC, Benefício de Prestação Continuada.

“A maior parte dos DVs do projeto complementa sua renda trabalhando como massoterapeuta e os serviços deles foram suspensos”, o que está prejudicando o sustento de várias famílias.

Por isso os kits doados foram tão bem vindos…

As doações

Neste sábado, uma equipe de 13 voluntários percorreu Brasília e cidades do entorno para entregar os material arrecadado às famílias que têm deficiente visual e estão em situação de vulnerabilidade social.

No total foram entregues 17 kits a DVs que fazem parte do projeto, entre eles produtos de higiene – como sabonete, álcool em gel, água sanitária – uma cesta verde – com frutas e verduras doadas pela FAL (Fazenda Águas Limpas – UnB) – uma cesta básica e máscaras de proteção de tecido feitas por voluntárias do Projeto.

A campanha “Adote uma família DV, doe uma cesta básica” – feita em conjunto entre Associação Deficiente Visual na Trilha (DV na Trilha) e a poetisa Dayanne Timóteo – será repetida no mês que vem e precisa de ajuda.

Como ajudar

Para ajudar a campanha entre em contato com a Simone Cosenza, fundadora e presidente do projeto DV na Trilha, pelo telefone: (61) 99952-0607.

Puxão de orelhas

Apesar de serem mais vulneráveis, até agora as pessoas com deficiência do Brasil não receberam a vacina contra a gripe.

Este ano o Ministério da Saúde colocou esses brasileiros em último lugar no calendário de vacinação.

“Não tiveram prioridade, foram colocados na última fase de vacinação, quando pela necessidade e pela Lei Brasileira de Inclusão, eles teriam que estar junto com o grupo de risco. E apesar da vulnerabilidade não foram considerados grupo de risco da pandemia”, alertou Simone Cosenza.

Veja como foi a entrega dos kits e a gratidão deles:

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Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa

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