“Gotinha” da pólio pode ter eficácia contra covid: estudo

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Por Só Notícia Boa
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Foto/arquivo: Marcelo Camargo/AgênciaBrasil

Pesquisadores do Instituto de Virologia Humana da Universidade de Maryland, nos EUA, fizeram um estudo e descobriram que a vacina oral contra a poliomielite,  a “gotinha” – ou OPV, Vacina Oral contra Poliovirus, criada por Albert Sabin na década de 1950 – pode oferecer proteção temporária contra a covid-19.

Talvez por isso crianças sejam menos afetadas que adultos pela covid-19, por terem sido imunizadas há pouco tempo com a “gotinha”.

estudo foi publicado na revista científica Science, nesta sexta-feira, 12, e traz evidências de que a gotinha e também a vacina contra a tuberculose – conhecida como BCG – podem dar ao organismo humano proteção contra infecções, entre elas as infecções respiratórias desencadeadas pela covid-19.

A primeira evidência encontrada, que ligou a vacina BCG ao novo coronavírus, foi de que os países que ofereceram amplamente a vacina à população – e fizeram campanhas de estímulo à imunização contra a tuberculose – tiveram taxas menores de infecção da covid-19.

A semelhança apontada por pesquisadores entre o novo coronavírus e o poliovírus está no fato de que ambos microrganismos possuem uma cadeia positiva de RNA (material genético usado para sua replicação em células humanas).

Por conta disso, os cientistas escrevem no estudo que os dois vírus podem ser afetados pelo mecanismo das vacinas já existentes.

“Relatórios recentes indicam que o COVID-19 pode resultar em respostas imunes inatas suprimidas. Portanto, a estimulação por vacinas vivas atenuadas pode aumentar a resistência à infecção pelo vírus causal, síndrome respiratória aguda grave – coronavírus 2 (SARS-CoV-2). Os estudos clínicos dessa hipótese podem começar imediatamente. Os ensaios do BCG já foram iniciados pela imunização dos profissionais de saúde da linha de frente (NCT04327206, NCT04328441). O ponto final desses estudos é a diferença na incidência, duração e gravidade do COVID-19 entre populações imunizadas e não imunizadas”, diz a Science.

Proposta dos cientistas

“Os primeiros estudos clínicos mostraram que, além de proteger contra a poliomielite, a OPV reduziu o número de outros vírus que poderiam ser isolados de crianças imunizadas, em comparação com os que receberam placebo… Estudos clínicos em larga escala de OPV para prevenção de doenças foram realizados nas décadas de 1960 e 1970. Eles envolveram mais de 60.000 indivíduos e mostraram que a OPV era eficaz contra a infecção pelo vírus influenza, reduzindo a morbidade em 3,8 vezes em média. A vacinação com OPV também teve um efeito terapêutico nas infecções pelo vírus do herpes simplex genital, acelerando a cicatrização”, lembra a matéria.

“Propomos o uso de OPV para melhorar ou prevenir o COVID-19. Tanto o poliovírus quanto o coronavírus são vírus de RNA de fita positiva; portanto, é provável que eles possam induzir e ser afetados por mecanismos comuns de imunidade inata. Há várias vantagens importantes no uso do OPV: um forte registro de segurança, a existência de mais de um sorotipo que poderia ser usado sequencialmente para prolongar a proteção, baixo custo, facilidade de administração e disponibilidade. Mais de 1 bilhão de doses de OPV são produzidas e usadas anualmente em mais de 140 países”, continua a revista científica.

Se as vacinas já existentes – que podem ser produzidas em massa – se provarem definitivamente efetivas contra o novo coronavírus em futuros estudos, a pandemia pode estar com os dias contados.

“Se os resultados dos estudos com OPV forem positivos, a OPV poderá ser usada para proteger as populações mais vulneráveis. No entanto, a OPV seria mais eficaz se toda a população de um país ou região fosse imunizada de forma síncrona. O OPV produz efeitos no rebanho e, além de proteger indivíduos, também pode impedir a disseminação do SARS-CoV-2, aumentando a proporção de indivíduos não suscetíveis”, afirma a Science.

Mas até o final desses estudos, a principal esperança da comunidade científica está nas vacinas que estão na fase três de testes, como a Coronavac, que será testada no Brasil, e as vacinas da farmacêutica Moderna e da Universidade de Oxford.

Com informações da Science e Exame