Projeto de professor tira adolescentes do mundo das drogas na Amazônia

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Por Só Notícia Boa
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Foto: divulgação

“A maioria estava envolvida com drogas; [elas] eram usadas pelo tráfico como mulas e nas vendas. Muitas já estavam mergulhadas no crime também, porque faziam a cobrança daqueles que não pagavam. Como era de se esperar, já consumiam drogas e, pela falta de recursos, roubavam para alimentar o vício. A partir daí minha vida mudou totalmente”.

Palavras do professor Rubens Gomes, criador do projeto OELA, Escola de Lutheria da Amazônia.

Para transformar a realidade de uma comunidade, basta querer e agir. Essa é a lição que o casal Iara e Eduardo, os Caçadores de Bons Exemplos, aprenderam com Rubens Gomes, quando visitaram o projeto.

“Ele só sabia que queria ajudar, não tinha noção de como unir sua profissão (músico e luthier) com a vontade que tinha de preservar a floresta. Mas, mesmo perdido, esteve aberto às necessidades da comunidade e entendeu que podia ajudar a transformar a realidade das crianças de Rio Branco, que também estavam se perdendo”, conta o casal.

O início

“Em Rio Branco, montei uma escola e fui atender a meninada. Que acabou falindo, porque a certa altura eu tinha muitos alunos, mas ninguém pagava, todo mundo era bolsista. Foi nesse momento que a gente começou a perceber que não tinha problema só na floresta: a cidade também precisava de socorro!”, lembra Rubens.

Além do contato com os jovens na escola, o professor se deparou com uma cena que fez seu coração quase sair pela boca.

Um policial abordou uma criança de forma intensa demais no centro da cidade e aquilo tocou profundamente quem estava ali em volta. Foi então que Rubens decidiu estudar e entender a realidade daquelas crianças e adolescentes mais a fundo.

A pesquisa de Rubens mostrou que existia uma falha no processo de educação das crianças que estavam na Casa de Passagem. Não existia nenhuma atividade pedagógica, ou socioeducativa acontecendo. E aquilo precisava ser mudado.

Foi quando nasceu a ideia de levar o ateliê pessoal para dentro da Casa e ali começar a ensinar a arte de fazer instrumentos para elas.

“Praticamente passei a morar lá. No início, meu trabalho não tinha nenhum caráter profissionalizante e era de alto risco por utilizar materiais cortantes. Então tinha que conquistar a confiança e a amizade dos meninos. Assim nasceu a OELA, Oficina Escola de Lutheria da Amazônia”, disse Rubens.

O projeto

O projeto da OELA foi a lutheria, produção de instrumentos musicais de cordas dedilhadas e caixa de ressonância, com uso de madeiras amazônicas manejadas e certificadas.

Depois, agregaram os cursos de informática básica e avançada, desenho artístico, inglês, serviços administrativos, contabilidade básica, empreendedorismo, reforço escolar, alfabetização de adultos, preparação para o mercado de varejo, bem como os projetos de apoio sociopedagógicos, oficinas de educação ambiental, atendimento psicossocial – segurança e acolhida, convívio familiar e comunitário, desenvolvimento da autonomia por meio de trabalho e geração de renda, monitoramento e avaliação do serviço.

“Hoje, mais de dois mil alunos passam anualmente pela OELA, estando matriculados no ensino regular da rede pública do ensino fundamental e médio. Somos o maior atelier de lutheria do Brasil. Os instrumentos são feitos com madeira da nossa terra, obtida de forma sustentável, alimentando um ciclo saudável para a floresta, comércio local e a cultura geral”, disse o fundador.

Infelizmente, Rubens Gomes morreu em 2020. Mas, o projeto e todo o seu legado continuam transformando vidas na região.

Para nós, Caçadores de Bons Exemplos, foi uma honra ter tido a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente e esse projeto maravilhoso!

Veja mais sobre o OELA no site, Instagram e Facebook.

Os rostos das crianças foram borrados para protegê-las - Foto: divulgação

Os rostos das crianças foram borrados para protegê-las – Foto: divulgação

Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa – Com Caçadores de Bons Exemplos