Paternidade: homens estão mudando conceitos antigos, revela pesquisa

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Por Monique de Carvalho
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A pesquisa encomendada pelo Boticário mostra que os pais estão mais afetuosos - Foto: divulgação

“Seja homem”, “menino não chora”, “engole esse choro”. Frases machistas e opressoras de pais antigos felizmente estão caindo por terra na sociedade moderna. Sim, com a evolução da sociedade, a paternidade tem feito muitos homens se tornarem seres humanos melhores e assim, tratarem filhos com mais amor, proximidade e respeito.

Por que não abraçar e beijar um filho, né? Hoje a paternidade participativa tem mais expressão de afeto e diálogo. O que é bom para os papais e para as crianças, que serão os pais do futuro. Dois a cada 3 três homens brasileiros – 66 por cento – disseram que mudaram diversos conceitos após se tornarem pais.

É o que revela uma pesquisa encomendada pela rede de cosméticos O Boticário para celebrar o Dia dos Pais, em 14 de agosto.

A pesquisa conversou com mil pais de 25 a 55 anos, de várias partes do Brasil, para entender melhor sobre a paternidade no Brasil. E descobriu que o papel e a visão desses pais diante das transformações de padrões e comportamentos contemporâneos vem mudando consideravelmente ao longo dos últimos anos.

Enterrando frases machistas

Pais brasileiros, que foram entrevistados, afirmaram ter reduzido a fala rotineira de frases consideradas machistas após a chegada dos filhos.

A expressão “seja homem” caiu em 50% nas falas dos pais.

A frase “menino não chora” caiu 36%, indicando uma mudança no comportamento após a paternidade.

“Por que tem gente que diz que homem não pode chorar? Como se eu não pudesse ser vulnerável, sabe? Como se eu tivesse que ser um cara que é um supercara, que não tem sentimento”, reflete Rafael, que é pai do Matteo, de 14 anos e um dos participantes da pesquisa.

Ser exemplo positivo para os filhos

A mudança de atitudes também pode ser percebida em outro dado: 56% dos entrevistados afirmam que consideram muito importante ser um exemplo positivo para os filhos.

“Eu não sabia que ia me transformar de uma forma que pudesse mudar a minha vida e mudar os meus pensamentos”, conta Markus, pai da Giovana, de 15 anos.

Ele conta que fez o papel de mãe e pai por muitos anos. Para a Giovana, a relação dos dois é única. “Meu pai é como meu amigo, meu melhor amigo”, diz a adolescente.

Os pais também demonstraram que há uma importância muito valiosa em ser um exemplo positivo para os filhos. Mais da metade dos entrevistados considera a relação saudável com os filhos algo que os favoreça nas relações sociais.

“Eu aprendi quanto um filho transforma a vida de uma pessoa. A gente procura ensinar a serem pessoas que possam fazer a diferença na vida de outras pessoas”, exemplifica Maurício, que adotou o Arthur e mais três crianças.

Pai é pai

A importância dessa boa relação, com exemplo positivo, também é vista nos dados da pesquisa e na história do Cézar, que é pai da Fernanda, de 16 anos.

Ele, que é um homem tran, contou que a ressignificação da paternidade foi tranquila devido a boa relação que sempre teve com a filha.

“A minha história como pai da Fernanda começou com a minha história sendo mãe dela, né? Eu fui mãe da Fernanda durante nove anos e a gente ressignificou isso para uma paternidade”, explicou.

O pai conta que alguns comentários o incomodaram bastante por um tempo.”[disseram] Primeiro que eu nunca ia ser um pai de verdade e que eu não poderia ser amado”, contou emocionado.

Diálogo com os filhos na nova paternidade

Entre os entrevistados, um número expressivo já demonstra maior preocupação e responsabilidade em abrir diálogo sobre preconceitos: 69% relatam que explicam aos filhos que as diferenças sociais entre homens e mulheres existem e que temos que ser cuidadosos para minimizá-las.

Intitulada Retrato da Paternidade no Brasil, a pesquisa inédita foi conduzida pela Grimpa, Consultoria de Pesquisa de Mercado e Consumer Insights.

Além de traçar os perfis dos pais brasileiros, a pesquisa mostrou o pai como figura masculina mais importante.

62% dizem que a escolha é motivada pela transmissão de ensinamentos essenciais para a vida.

57% afirmam que a educação recebida deve ser passada da mesma forma aos filhos, uma vez que não se transforma com o passar do tempo.

Quando o tema é conexão e afeto, 62% dos pais entrevistados alegam que, sempre que possível, têm o hábito de beijar, abraçar e fazer carinho nos filhos.

59% dizem conversar sobre escolhas e consequências de ações. E 57% declaram que tem como hábito dizer frases amorosas e encorajadoras.

“No mundo onde os desafios acerca da educação são muitos, é necessário trazer o pai para o centro dessa discussão. O estudo mostra uma preocupação genuína dos novos pais em deixar um legado positivo e consciência que a própria paternidade tem o poder transformador”, disse Marisa Camargo, Diretora de Pesquisa da Grimpa.

Desafios e novos dilemas

Alguns dados também apontam para desafios futuros partindo do retrato mais atual da paternidade e educação no Brasil.

Enquanto 56% dos entrevistados declararam acreditar ser um ótimo pai para os filhos, apenas 27% afirmam que querem que seus filhos sejam felizes, mesmo que fuja daquilo que o pai idealizou.

O dado também é expressivo quando são perguntados sobre corresponsabilidade: 90% acreditam que os cuidados diários e a educação devem ser igualmente divididos entre os responsáveis.

“Quando mapeamos as oportunidades de conversa com os pais entendemos que existem novos dilemas sobre a paternidade, sobre como criar os filhos de uma forma mais afetiva e, dessa forma, promover transformações importantes nos indivíduos e na sociedade”, comentou Marcela de Masi Nogueira, Diretora de Comunicação e Branding do Boticário.

Se pais estão mudando, as empresas também

“Em 2021 nos tornamos uma das primeiras empresas do Brasil a oferecer a Licença Parental Universal, independentemente de gênero ou configuração familiar: são 180 dias para mães ou pessoas que gestam e 120 obrigatórios para pais não gestantes”, explicou.

“A iniciativa fortalece os nossos compromissos pela diversidade, inclusão e equidade de gênero. E, claro, representa um passo importante para uma sociedade mais igualitária”, finalizou Marcela.

Você pode conferir todos os dados da pesquisa clicando aqui.

Assista ao video com entrevista de alguns pais:

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