Pílula robótica para substituir injeções e antibióticos é criada nos EUA

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Por Monique de Carvalho
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A pílula robótica vai ajudar a melhorar a absorção de medicamentos hoje feitos por injeções - Foto: divulgação

Se você tem medo de injeções, ou não gosta ingerir comprimidos, já pode comemorar! Uma nova pílula robótica revolucionária foi criada por cientistas do MIT, nos Estados Unidos.

Ao contrário das pílulas convencionais, a RoboCap consegue quebrar a barreira do muco, que é a defesa do intestino contra partículas indesejáveis e, assim, o medicamento é absorvido pelo organismo muito mais rapidamente e com mais eficácia. Nos testes, a aderência medicamento foi 20 a 40 vezes maior do que com pílulas comuns.

A nova pílula pode ajudar os pacientes a evitar injeções diárias de insulina, ou impedi-los de ir a um hospital para receber medicamentos, o que pode ser “uma grande virada no jogo”, disse Meghan Rosen, uma das autoras do estudo.

E a ideia surgiu da forma mais inusitada, contou o engenheiro biomédico do MIT e principal autor do estudo, Alex Wilkins: “Eu estava assistindo a vídeos dessas máquinas que podem fazer túneis. Pensei: ‘OK, e se fizéssemos isso, mas pelo muco, daria certo”, lembrou.

Como funciona a pílula robótica

Quando uma pílula convencional é ingerida, ela não consegue penetrar completamente na barreira do muco.

Diversos medicamentos de proteínas grandes, incluindo a insulina e alguns antibióticos, não atravessam essa barreira do muco. Aí, menos de 1% da insulina tomada por via oral é absorvida e usada pelo corpo e os pacientes precisam injetar o medicamento

Já a pílula robótica “perfura” esse muco e fornece medicamentos com mais eficiência.

Ela tem o tamanho de uma cápsula de vitamina. No interior, contém a carga útil da droga em um compartimento minúsculo. Já a parte externa é revestida de uma gelatina que se dissolve em um determinado pH.

Quando a pílula é ingerida e chega ao estômago, a acidez corrói o revestimento. Então, o pH do intestino delgado aciona um motor dentro da cápsula que faz a pílula começar a girar, limpando o muco e liberando a substância lentamente no trato digestivo.

Após 35 minutos de atividade, a cápsula se move e sai do corpo na evacuação.

Resultados positivos

Os pesquisadores testaram a capacidade da pílula de fornecer insulina e antibiótico em tecido do intestino delgado de porco.

Os resultados mostraram que a aderência do medicamento, utilizando a RoboCap, foi 20 a 40 vezes maior do que as pílulas comuns.

“Isso comprova seu potencial significativo para permitir a entrega oral de moléculas que anteriormente tiveram pouco sucesso pela administração oral”, escrevem os autores no artigo.

“Estudos futuros em suínos e humanos devem otimizar a dosagem desses medicamentos para identificar os intervalos terapêuticos via entrega SI [intestino delgado]”.

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Aplicação em humanos

Os próximos passos da pesquisa vão analisar como a pílula afetaria seres humanos com sistema imunológico enfraquecido e como ela afeta bactérias úteis que vivem no muco do intestino.

“O RoboCap é um conceito inovador que visa superar a dificuldade atual de administrar por via oral muitas terapias avançadas e emergentes”, diz Abdul Basit, pesquisador farmacêutico da University College London, na Inglaterra.

A pílula robótica teve a absorção de 20 a 30 vezes maior que as pílulas convencionais - Foto: divulgação

A pílula robótica teve a absorção de 20 a 30 vezes maior que as pílulas convencionais – Foto: divulgação

Com informações de PubMed