28 alunos de escola pública de área rural passam na UnB. Imagina a alegria?

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Por Newton Assis
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Os 28 estudantes de escola pública em área rural percorram um caminho difícil, mas o resultado foi um sonho realizado. - Foto: Lilian Maruno / CB

Educação rendendo bons frutos! Um grupo de 28 estudantes de uma escola pública de área rural em Brazlândia, no Distrito Federal, foi aprovado na Universidade de Brasília (UnB). Com uma estrutura eficaz, a escola possibilitou que os jovens passassem numa das mais importantes instituições do país.

O estudante Marcelo Marques Santos, de 18 anos, foi um dos aprovados e agora irá cursar Ciência Política na UnB. Sendo o primeiro da família a entrar na faculdade, o jovem expressa a felicidade por estar numa universidade pública.

No entanto, a preparação para essa conquista foi árdua. “Estudava quatro horas por dia, além das aulas que tinha na escola pelo período da manhã. Me preparava, principalmente, com apoio de videoaulas na internet e resolvendo questões de provas anteriores do PAS”, explica.

Marcelo teve incentivo da mãe desde o início dos estudos e não se sentiu pressionado para escolher o curso que queria, o que lhe ajudou na preparação. “ “Somente no 3º ano que consegui criar uma rotina e ter foco. Mas precisei estudar praticamente o dobro para conseguir a vaga”, conta.

Outro aprovado

Outro sonho realizado é o do estudante Matheus Scarcela, 17 anos, aprovado em Engenharia Mecânica. Ele explica que a escolha do curso foi uma decisão planejada. “Como engenharia mecânica é uma profissão que segue crescendo, optei por esse curso”, afirma.

Apesar das perdas causadas pela pandemia, Matheus conseguiu manter uma rotina que lhe beneficiasse. “Mesmo sem uma rotina muito fixa, comecei a estudar por conta própria nesse período”, completa o estudante.

A direção comemora

Segundo o diretor do Centro de Ensino Médio 01, Vinícius Alexandre Mota, de 41 anos, o segredo para o sucesso dos estudantes está no método avaliativo que acompanha os erros e acertos de cada um. 

“A cada semestre os alunos respondem a um caderno de provas com questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), de vestibular e do Programa de Avaliação Seriada (PAS), que conta para a avaliação final de cada semestre. Eles preenchem um gabarito e, no fim, conseguem visualizar as questões que erraram”, afirma.

Vinícius ainda declara que os alunos do colégio possuem acompanhamento voltado para aprovação e que isso tem feito a desvantagem entre ensino público e particular diminuir. “Hoje, com as cotas destinadas à escola pública, a reserva de vagas é de 50%”, informa.

Provas bimestrais

A aprovação dos estudantes também pode ser vista como reflexo das provas parecidas com as feitas no vestibular.

O supervisor e professor de biologia, Thiago Nogueira, de 38 anos, diz que as provas bimestrais se baseiam no conteúdo da UnB e do Enem.

“As nossas provas de avaliação bimestral são praticamente idênticas às aplicadas em vestibular. Isso ajuda o aluno a se familiarizar com o modelo. Até a fonte usada é igual”, explica Thiago.

Superando expectativas

Completando sete anos de supervisão, Thiago relembra que a pandemia do Covid-19 foi um fator preocupante para o ensino e que a aprovação dos 28 alunos é uma vitória. “Certamente a aprovação para esses alunos tem um gostinho especial”, relata.

O acompanhamento é feito desde o momento que o aluno faz a inscrição e passa também pela atenção ao psicológico dos jovens. De acordo com Thiago, os professores organizam aulões com os conteúdos dos vestibulares para fixar a matéria.

“Disponibilizamos os computadores da escola e separamos um momento só pra isso. Auxiliamos com toda a parte da documentação para que eles consigam o acesso pelas cotas”, afirma.

A professora de redação, Flaviane de Oliveira Santos, de 36 anos, é uma das peças-chave para a aprovação dos estudantes. Sendo uma das responsáveis pelos aulões preparatórios, a professora conta que é gratificante ver o resultado de tanto esforço.

“Nosso reconhecimento, enquanto professor, é ver o cumprimento desse papel social. Fico muito emocionada porque também sou ‘cria’ da escola pública”, afirma. Para ela, a conquista dessas vagas é fruto do comprometimento.

Desafios enfrentados

Apesar dos frutos colhidos pelo estudo, alguns estudantes tiveram dificuldades. É o caso da estudante Alanny Linsem, de 17 anos, que, além de estar com dengue durante a prova, teve que enfrentar o ensino à distância.

“Não consegui me adaptar. Perdemos muito conteúdo que não foi devidamente recuperado no retorno presencial”, afirma Alanny. Por isso, a rotina da estudante era de estudo na escola e a tarde quando separa horas do dia para resolver questões.

Vinda de família de baixa renda, a estudante contou com apoio dos pais para focar na aprovação da UnB. Com a mãe sendo educadora social e o pai autônomo, Alanny se preparou integralmente e agora anseia entrar logo no curso dos sonhos.

Os estudantes orgulhosos por passarem no vestibular da UNB. – Foto: Lilian Maruno/Correio Braziliense

Com informações do Eu, Estudante.