Novo antídoto contra envenenamento por monóxido de carbono “limpa” sangue em minutos

Que notícia boa! Pesquisadores desenvolveram o primeiro antídoto contra envenenamento, capaz de eliminar o monóxido de carbono do sangue em questão de minutos. A descoberta promete revolucionar o tratamento de um dos tipos mais perigosos de envenenamento doméstico e industrial, que mata milhares de pessoas todos anos, silenciosamente.
O monóxido de carbono é conhecido como o “assassino silencioso”. Invisível e sem cheiro, o gás é liberado por fontes de combustão, como fogões, aquecedores, escapamentos de veículos e lenha. Só nos EUA causa 1.500 mortes por ano, além 50 mil atendimentos de emergência anuais. E quem sobrevive ainda pode ter sequelas no coração e no cérebro.
O antídoto, criado na Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, promete agir muito mais rápido, sem efeitos colaterais, e deverá substituir o tratamento atual, baseado em terapias com oxigênio puro, às vezes em câmaras hiperbáricas, para tentar substituir o gás tóxico no sangue.
Como o antídoto funciona
O estudo, publicado na revista científica PNAS, descreve a criação de uma proteína sintética chamada RcoM-HBD-CCC, que funciona como uma espécie de “esponja” molecular. Ao ser injetada no sangue, ela atrai e se liga ao monóxido de carbono e o remove das hemoglobinas, permitindo que o oxigênio volte a circular normalmente pelo corpo.
A proteína é uma versão modificada de uma molécula natural encontrada em uma bactéria chamada Paraburkholderia xenovorans, que usa o composto para detectar níveis mínimos de monóxido no ambiente. Os cientistas adaptaram essa proteína para agir com precisão dentro do corpo humano, sem interferir em outras moléculas vitais, como o óxido nítrico, essencial para regular a pressão arterial.
Nos testes com camundongos, o antídoto mostrou eficiência impressionante: conseguiu reduzir para menos de um minuto o tempo necessário para limpar metade do monóxido de carbono do sangue. Sem tratamento, o mesmo processo levaria aproximadamente cinco horas, e mesmo com oxigênio puro, mais de uma hora.
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Como o gás age no corpo
O perigo do monóxido de carbono está na forma como ele “engana” o organismo. Normalmente, o oxigênio se liga à hemoglobina dos glóbulos vermelhos, que o transportam para os tecidos. E o monóxido tem uma afinidade de até 400 vezes maior pela hemoglobina, ocupando os espaços destinados ao oxigênio.
Com o sangue saturado de monóxido, o corpo começa a sofrer falta de oxigenação, um processo lento e quase imperceptível até que o desmaio ou a parada cardíaca aconteçam. É por isso que muitos casos ocorrem durante o sono ou em ambientes fechados sem ventilação.
O novo antídoto, ao capturar as moléculas tóxicas diretamente no sangue, permite que a hemoglobina volte a transportar oxigênio quase imediatamente, revertendo o quadro de intoxicação de forma muito mais eficiente.
Emergências hospitalares
Os pesquisadores acreditam que o RcoM-HBD-CCC poderá ser usado em emergências hospitalares e até por socorristas em campo, administrado por via intravenosa.
O tratamento seria rápido e seguro, sem causar alterações perigosas na pressão arterial.
Além do envenenamento por monóxido de carbono, a nova proteína pode abrir caminho para outros usos médicos.
Estudos futuros devem avaliar se ela pode atuar como um transportador artificial de oxigênio, útil em casos de anemia grave, choque hemorrágico ou até na preservação de órgãos para transplantes.
De acordo com o Dr. Mark T. Gladwin, reitor da Escola de Medicina da Universidade de Maryland e autor principal do estudo, “o composto apresentou resultados animadores e pode se tornar o primeiro antídoto intravenoso realmente eficaz contra o monóxido de carbono”, disse ao GNN.
