Remédio à base de maconha pode ser liberado no Brasil: epilepsia

Foto: Smkbd
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) poderá liberar até o fim de junho o processo de importação de medicamentos que levam canabidiol, umas substância química encontrada na maconha e que, segundo alguns estudos científicos, podem ajudar a tratar diversas doenças, entre elas, neurológicas.
O diretor-adjunto da Anvisa, Luiz Roberto Klassmann, disse que a Agência estuda alterar as regras de importação do remédio.
A afirmação foi feita durante palestra realizada em São Paulo, dentro do 4º Simpósio Internacional da Cannabis Medicinal, que discute o tema com especialistas das áreas médica e jurídica.
A decisão terá que ser aprovada pela Diretoria Colegiada da agência, em reunião que vai acontecer até o fim deste semestre.
Se isso ocorrer, qualquer brasileiro, com uma prescrição médica em mãos recomendando um medicamento com canabidiol, poderá entrar no país de maneira legal com o produto, ou recebê-lo por encomenda.
Atualmente, esses remédios são proibidos para fins terapêuticos, exceto quando há alguma autorização especial para importação concedida pelo próprio diretor da agência, ou ainda sentença jurídica com a mesma finalidade.
Reclassificação
Segundo Klassmann, a retirada do canabidiol da lista de substâncias de uso proscrito e sua reclassificação como substância sujeita a controle especial (com receita médica de duas vias), pode acontecer porque já existiriam evidências científicas suficientes que comprovam a eficácia da droga e sua segurança para uso terapêutico.
“Precisamos, inicialmente, quebrar o preconceito e estigma [do uso da maconha medicinal] e ver pela ótica cientifica o que está disponível. Eu me comprometo em agilizar a liberação”, complementou o diretor-adjunto da Anvisa.
Nos Estados Unidos, 20 estados e a capital Washington têm legislação que autoriza o uso da maconha para fins medicinais. Leia mais aqui.
Família pioneira
Katiele Fischer e Norberto Fischer são pais de Anny, de 6 anos, portadora da rara síndrome CDKL5, doença genética que provoca deficiência neurológica grave e grande quantidade de convulsões.
Em abril, o casal obteve, na Justiça, autorização para importar o Canabidiol, como mostramos aqui no SóNotíciaBoa.
Com a decisão, eles trouxeram para o Brasil uma bisnaga de dez gramas do medicamento, suficiente para três meses de tratamento, ao custo de US$ 500. Eles tiveram que desembolsar cerca de US$ 100 de taxa de importação e houve ainda cobrança de outros tributos.
Segundo Norberto, a droga praticamente zerou as convulsões em nove semanas (Anny tinha cerca de 60 crises semanais) e deve ajudar a melhorar a qualidade de vida da menina.
Katiele afirma que a mudança do protocolo por parte da Anvisa poderá beneficiar outras famílias, que sofrem com a burocracia da importação.
Com informações do G1.