Encontro histórico: presidentes de Cuba e EUA

Foto: AFP
O mundo viu esta semana uma cena de reaproximação histórica.
Os presidentes dos Estados Unidos e de Cuba selaram a paz em um aperto de mãos.
Os dois países romperam relações na década de 1950, em meio à Guerra Fria, há mais de 50 anos.
Desde então, por pressão de Washington, Cuba está ausente de organismos e reuniões interamericanas que incluem os Estados Unidos.
A reaproximação foi durante a primeira Cúpula das Américas.
Barack Obama, e o líder cubano, Raúl Castro, enalteceram a reaproximação entre os dois países, trocando votos para acelerar o processo e fazer uma reunião bilateral histórica.
Elogios a Obama
Estreante no encontro, que teve sua primeira edição em 1994, Raúl usou boa parte dos 49 minutos de seu discurso para condenar intervenções dos Estados Unidos na América Latina e louvar o histórico da Revolução Cubana.
Mas afirmou que Obama “não tem nada a ver” com as ações passadas de seu país e disse que o americano é um “homem honesto”.
Segundo Raúl, Obama “tem origem humilde, e sua forma de ser obedece essa origem”.
Bastante aplaudido e com um sorriso largo no rosto, ele quebrou o protocolo ao iniciar seu discurso com um desabafo antes de cumprimentar os demais líderes: “Já era hora que eu falasse aqui”.
Passado enterrado
Obama fez seu pronunciamento logo antes de Raúl. Referindo-se às tratativas com os cubanos, ele afirmou que os “Estados Unidos não serão aprisionados pelo passado”.
Ele disse que Estados Unidos e Cuba continuarão a ter suas diferenças, mas que ambos podem se beneficiar da reaproximação.
Vantagens econômicas
Segundo Obama, a retomada dos laços entre os dois países fará com que mais americanos viajem a Cuba e trará vantagens econômicas às duas nações.
“Os Estados Unidos estão focados no futuro. Não estamos presos a ideologias, pelo menos eu não estou.”
Dirigindo-se ao presidente do Equador, Rafael Correa, que em seu discurso havia feito várias críticas aos Estados Unidos, ele disse não estar “interessado em ter batalhas que começaram antes que eu nasci”.
Questionado sobre o desafio em garantir que a reaproximação tenha aprovação doméstica e do Congresso americano, Obama declarou que “há um apoio majoritário nos EUA” à nova abordagem com Cuba.
Ainda assim, o presidente americano disse que ainda não tomou uma decisão quanto a se removerá Cuba da lista de “países que apoiam terrorismo”. Mas declarou que “Cuba não é uma ameaça aos EUA”.
Embargo
Raúl Castro, por sua vez, agradeceu o apoio dos demais países latino-americanos para que Cuba passasse a integrar o encontro e se disse aberto a avançar com o diálogo com os Estados Unidos.
Ele ponderou, porém, que “uma coisa é estabelecer relações diplomáticas, outra coisa é o embargo”, cobrando Washington a pôr fim ao bloqueio econômico a Cuba.
Obama já defendeu a queda do embargo, mas a medida depende do Congresso americano, onde o presidente enfrenta forte oposição republicana.
Com informações da BBC