Experimento de Nobel cura depressão em ratos

Foto: Tonegawa Laboratory – Equipe do Dr. Tonewaga
Um experimento conseguiu curar sintomas depressivos imediatamente em ratos, retirando pensamentos e lembranças negativas.
A boa noticia vem de cientistas do MIT e foi publicada na revista Nature.
A pesquisa foi realizada em ratos geneticamente modificados, que receberam um feixe de luz azul direto nos neurônios, no laboratório de Susumu Tonegawa.
Os resultados publicados no dia 18 de junho oferecem uma possível explicação para o sucesso da psicoterapia, em que pacientes com depressão são estimulados a recordar experiências agradáveis.
Eles também sugerem novas formas de tratar a depressão através da manipulação das células do cérebro onde as memórias felizes são armazenadas.
Os pesquisadores acreditam que este tipo de abordagem orientada pode ter menos efeitos colaterais do que a maioria dos medicamentos antidepressivos existentes, que banham o cérebro inteiro …
O experimento
Funcionou assim: Tonegawa alterou ratos geneticamente para que seu cérebro tivesse proteínas sensíveis à luz.
Com isso, os cientistas conseguiram identificar quais neurônios são ativados quando uma memória é formada.
Esses mesmos neurônios podem ser ativados novamente quando uma luz azul é emitida contra eles, trazendo de volta a memória.
Os cientistas usaram a primeira parte para gravar o armazenamento de uma memória prazerosa nos ratos: a exposição de machos a uma fêmea.
Os mesmos ratos depois tiveram seus movimentos restritos por dez dias, o que causa depressão por estresse – sabe-se que eles estão deprimidos porque param de se interessar por água açucarada e não reagem quando são pegos pelo rabo, comportamentos de um rato mentalmente saudável.
Com os ratos devidamente repensando em suas decisões na vida e com um súbito interesse pelos Smiths (banda), Tonegawa acendeu o facho de luz azul para trazer de volta a memória positiva.
Em minutos, as cobaias novamente se interessaram pela água adocicada e tentaram escapar quando pegos pelo rabo. Conclusão: foram curados da depressão por uma memória positiva.
Tonegawa comentou as possibilidades: “os resultados são ainda preliminares, mas eles apontam que áreas do cérebro envolvidas em armazenar memórias podem um dia ser alvo para tratar transtornos mentais em humanos”.
“Eu quero ser cuidadoso em não dar falsas expectativas aos pacientes. Estamos fazendo ciência muito básica.”
Embora este tipo de intervenção ainda não seja possível em humanos, “Este tipo de análise fornece informações a respeito de onde direcionar distúrbios específicos”, acrescenta Tonegawa.
“Depois de identificar locais específicos do circuito de memória que não estão funcionando bem, ou cujo reforço vai trazer uma conseqüência benéfica, existe a possibilidade de inventar uma nova tecnologia médica, onde a melhoria serão direcionados para a parte específica do circuito, ao invés de a administração de uma droga e deixando que a função de drogas em todos os lugares no cérebro “, diz Susumu Tonegawa.
O cientista
Tonegawa é professor da Biologia e da neurociência e diretor do Centro de RIKEN-MIT para circuito neural Genética do Instituto Picower do MIT para a aprendizagem e a memória.
Ele é o mesmo cientista que apresentou alguns dias atrás um método para curar amnésia, usando a mesma técnica de optogenética. Além disso, ele é Prêmio Nobel da Fisiologia ou Medicina de 1987
Referências:
Activating positive memory engrams suppresses depression-like behaviour, Susumu Tonnegawa et. al. Nature,http://www.nature.com/nature/journal/v522/n7556/full/nature14514.html
Activating happy memories cheers moody mice, Nature:http://www.nature.com/nature/journal/v522/n7556/full/nature14514.html
Com informações da Superinteressante, Laboratório Tonewaga e MIT News