Albina supera preconceito e vira modelo

Foto: reprodução
A advogada e modelo sul-africana Thando Hopa, que é albina, virou uma referência para crianças vivendo com albinismo no país.
Ela superou o preconceito e agora está desfilando as roupas de um conhecido estilista da África do Sul.
Thando contou à BBC como superou a discriminação: falou que “decidiu”, um dia: “Vou ser estonteantemente linda”.
O que é?
O albinismo – transtorno genético caracterizado por falta do pigmento melanina na pele, cabelos e olhos – é relativamente raro na maior parte do mundo. Estatisticamente, entre uma em 17 mil e uma em 20 mil pessoas são albinas.
Especialistas suspeitam que maiores índices de albinismo estejam associados a uma maior incidência de casamentos consanguíneos em uma população.
Preconceito
Em vários países africanos, pessoas albinas tendem a ser discriminadas pela sociedade e até por suas próprias famílias.
Casos de infanticídio de bebês albinos são comuns e muitas famílias deixam de enviar filhos albinos à escola por acreditarem que suas chances de conseguir emprego são mínimas.
Na Tanzânia, onde muitos acreditam que partes de corpos de albinos tragam poder e sorte, pessoas com albinismo são mortas e seus corpos usados em rituais supersticiosos.
Com seu trabalho, Hopa espera combater a ignorância e oferecer um modelo positivo para jovens crescendo com albinismo na África hoje.
História
“Desde muito pequena, meus pais sempre se esforçaram para que eu não me sentisse diferente. Mas, infelizmente, quando fui à escola e fui apresentada à sociedade, crianças, em particular, começaram a agir de forma estranha em relação a mim. Me xingavam, não queriam tocar em mim. Depois, comecei a perceber que mesmo pessoas bem mais velhas faziam coisas que eu não entendia. Cuspiam quando eu passava. Me disseram que era para evitar má sorte”, contou a jovem à BBC.
Mas a criação que Thando Hopa recebeu permitiu que ela resistisse às agressões e insultos.
“Minha mãe nunca disse nada, nunca sentou comigo para me preparar ou dizer coisas do tipo: ‘Você vai começar a escola, você tem uma aparência diferente.’ Acho que essa foi a forma que eles encontraram de me educar. Não queriam que eu me sentisse diferente.

Superação
Quando comecei a perceber, e as inseguranças começaram a aparecer, corri para o meu pai. Chorava, chorava, e dizia: ‘Por que não sou igual a todo mundo? ‘Ele respondia: ‘Mas você é tão linda, nunca vi uma menina tão linda como você!’ E eu respondia: ‘Não, você está mentindo, você está mentindo!’ Mas ele repetia a mesma coisa, continuamente. Nunca parou. E embora eu não estivesse consciente na época, acho que isso me fortaleceu.
E minha mãe me comprava as roupas mais lindas. Ela queria que eu me sentisse bonita do lado de fora, para que eu começasse a me sentir bonita de todas as formas. Então, um dia eu decidi que beleza era uma decisão. E eu decidi ser bonita. ‘Sou bonita, a despeito do que as pessoas dizem’, pensei. Eu estava na universidade. Decidi que ia começar do zero. ‘Vou me encontrar.’
E trabalhei em mim mesma, intensivamente. Comecei a ter uma conversa comigo mesma. ‘Sabe de uma coisa? Hoje vou ser bonita. Vou ser estonteantemente linda.’ No final, isso começou a se refletir na minha autoconfiança.”
Com informações da BBC