Ex-faxineiro se forma em Jornalismo e já está empregado

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Por Só Notícia Boa
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A história de superação de Ronaldo Rocha, de 24 anos, impressiona pelas dificuldades, pela persistência e pelo sucesso. Em 7 anos, a vida do ex-faxineiro, vendedor de verduras e de salgadinhos se transformou completamente.

Nesta sexta, 22, ele se forma e recebe o tão sonhado diploma de bacharel em Jornalismo. Mais que isso: ele começa a carreira empregado na assessoria de imprensa da Candangolândia, Região Administrativa do Distrito Federal.

Emocionado, ele contou em entrevista ao SóNotíciaBoa, que até chegar aqui teve uma vida dura. “Passei fome, fui humilhado, morei de favor, mas nunca perdi o foco no meu sonho”.

História

Ronaldo nasceu em Barreiras, no interior da Bahia. Filho de pai auxiliar de pedreiro e mãe faxineira, aos 8 anos de idade o menino vendia verduras na rua. Com o dinheiro que conseguia, ele ia para uma lanhouse estudar no computador.

O sonho de ser jornalista começou aos 12 anos, assistindo a TV local na cidade de Barreiras.

Aos 13 anos, o adolescente comprou o primeiro equipamento digital, usado para fazer gravações na Escola “Marcos Freire”, onde montou um o telejornal.

“Eu fazia um cenário, tirava o sofá do lugar, colocava um pano em frente à tevê. Usava as roupas do meu pai escondido para brincar de apresentar um jornal”, lembra.

Mudança para Brasília

Aos 17 anos ele mentiu para o pai que iria passar férias em Brasília e veio para a Capital Federal tentar a sorte com R$ 80 no bolso.

“Quando meu pai me deixou viajar, eu fui vender salgadinhos. Consegui R$ 80 para pagar a passagem de ônibus e vim para Brasília morar na casa de um primo, numa casa simples na Cidade Estrutural”.

No Distrito Federal a vida de Ronaldo não foi fácil. Pouco tempo depois, o primo dele se casou. “Ele disse que precisava de privacidade e pediu para eu me mudar da casa”.

Ronaldo foi então morar de favor em outro local, no barraco de uma amiga, na mesma cidade. E foi lá que surgiu a primeira oportunidade, para trabalhar como auxiliar de limpeza em uma escola da Cidade Estrutural.

Na escola, além de limpar o chão e os banheiros, o jovem falante e alegre da Bahia se tornou popular entre os alunos.

Aos poucos se tornou professor voluntário. Dava aulas de teatro, dança, mágica e de chef de cozinha, depois do expediente na limpeza.

Ele também fazia filmes amadores na cidade para mostrar realidades como a pobreza, o bullying e ajudar a comunidade.

Voltou a estudar

Ronaldo cursou o EJA, Educação Para Jovens e Adultos, terminou o Ensino Médio e decidiu fazer Jornalismo, mesmo com pouco dinheiro que recebia como faxineiro. E passava apertado.

“Com o meu salário eu pagava a faculdade e o ticket eu vendia para pagar o aluguel. Comia o que eu recebia de ajuda da escola e amigos para sobreviver”, lembra.

A rotina era dura. Ele entrava 6 da manhã na escola, no final do expediente dava as aulas voluntárias, saía 6 da tarde e ia direto para a faculdade.

Ronaldo disse ao SóNotíciaBoa que gosta de contar histórias. Ele quer ser repórter de TV e usar a câmera e o microfone para ajudar as pessoas.

Vida nova

Hoje, com três filmes de produções amadoras, e ele inicia uma nova etapa da vida, cheio de alegria.

Além do diploma de Jornalista, que recebe nesta sexta-feira, ele comemora uma outra conquista: este mês Ronaldo conseguiu um emprego na área.

Ele foi contratado para comandar a assessoria de imprensa da Candangolândia, cidade a 12 quilômetros de Brasília. “O salário é bem maior do que aquele que eu ganhava”, comemora.

Com gratidão e a humildade que faz questão de manter, o jovem agora tem a oportunidade de enxergar a vida por um outro prisma, sem esquecer das raízes.

“Quando eu vejo as senhoras da limpeza entrando na assessoria e me cumprimentando, eu lembro que antes era eu que estava ali, limpando o chão e me emociono”, concluiu.

Ronaldo Rocha com os pais - Foto: arquivo pessoal

Ronaldo Rocha com os pais, Ailma e Martiniano – Foto: arquivo pessoal

Por Rinaldo de Oliveira, da redação do SóNotíciaBoa

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