Aluno com paralisia cerebral cria sistema barato para pessoas com deficiência digitarem

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Por Monique de Carvalho
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José tem paralisia cerebral e criou um sistema que facilita o uso de computadores por pessoas com deficiência - Foto: divulgação

Um aluno com paralisia cerebral, pós-graduando da Universidade Federal do Ceará (UFC), criou um sistema barato para ajudar pessoas com deficiência a usarem computadores com muito mais praticidade e eficiência.

Por ter paralisia cerebral, Francisco José Prado Júnior sabe de todas as dificuldades que uma pessoa com necessidades especiais tem para usar algumas ferramentas. Por isso, o estudante pensou em desenvolver um dispositivo que gere mais acessibilidade a todos.

O estudante criou um mouse, fabricado a partir de impressora 3D, um novo editor de textos e um dispositivo para servir de alternativa ao teclado convencional.

Todas as ferramentas têm sistemas adaptados, que prometem derrubar ou ao menos reduzir as barreiras tecnológicas para pessoas com deficiência.

Tecnologia acessível

José sabe que já existem computadores e ferramentas que ajudam a pessoa com deficiência, mas eles têm um custo muito elevado e são inacessíveis para a maioria dos brasileiros.

Foi quando começou a pesquisar uma maneira de produzir essas ferramentas com um custo reduzido.

“Fiz o meu primeiro modelo de mouse, todo sucateado, com peças de fácil acesso. Mas consegui replicar o funcionamento do outro, acrescentando novas funcionalidades que ele não tinha”, conta.

A tecnologia criada por José é simples e prática. O usuário coloca uma espécie de bracelete elástico com eletrodos, e o sistema capta e classifica os movimentos de mão, para depois convertê-los em comandos para o computador.

“No trabalho, esse sistema foi utilizado para controlar um editor de texto. Cada movimento realizava um comando tal como escrever, apagar e mudar de caractere”, explica.

Motivação

José iniciou o desenvolvimento das ferramentas ainda no curso de graduação. A motivação foi a dificuldade que ele encontrava desde a escola.

Como possui limitação motora, José não consegue escrever com a mão. Por ser de uma família de origem humilde, nunca teve condições de comprar um computador.

“Sempre estudei sendo ajudado pelos colegas e pelos professores. Os colegas faziam anotações pra mim, os professores sempre davam uma maneira de fazer avaliações adaptadas, de forma oral. Então, a educação sempre teve um sentido adaptativo no meio onde eu estudava”, relembra.

Ele conta que também conheceu outras pessoas com deficiência que também comentava quanto às limitações de ferramentas do dia a dia. “Então, eu comecei a perceber que tudo é possível, diante de uma dificuldade, de ser resolvido com alguma adaptação. Foi aí que entrei para a Engenharia de Computação”, relata.

Disponibilidade para vendas

Os dispositivos que ele desenvolveu ainda estão em testes, mas José garante que que disponibilizar o projeto para fabricação e distribuição em massa.

Para acelerar o processo, José criou uma startup chamada AssistiveTech, que é incubada pelo Instituto Cearense de Tecnologia, Empreendedorismo e Liderança (ICETEL), em Sobral.

No ICETEL, ele está trabalhando em projetos relacionados a tecnologias assistivas para pessoas com deficiência, incluindo uma terceira versão do mouse adaptado.

O desenvolvimento dos dispositivos foi feito em parceria com outros pesquisadores do Grupo de Tecnologias Assistivas e Educacionais (TAE), do Campus da UFC em Sobral, no Ceará.

Protótipo do mouse adaptado - Foto: Divulgação

Protótipo do mouse adaptado – Foto: Divulgação

Bracelete que ajuda na escrita - Foto: Divulgação

Bracelete que ajuda na escrita – Foto: Divulgação

José Prado - Foto: divulgação

José Prado – Foto: divulgação

Com informações de Agência UFC