Novas espécies de “peixes das nuvens” são identificadas na Caatinga

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Por Karen Belém
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A descoberta dos brasileiros sobre as novas espécies de "peixes das nuvens" foi publicada na revista científica Zootaxa. - Foto: reprodução/Instagram @peixesdacaatinga

Pesquisadores brasileiros encontraram duas novas espécies de “peixes das nuvens” na região da Caatinga, no Rio Grande do Norte e no Ceará. Esse grupo é chamado de peixes anuais e têm um ciclo de vida único.

Eles só ficam vivos durante a época de poças temporárias das chuvas. Durante esse período, eles se reproduzem e enterram seus ovos no solo. Esses ovos ficam enterrados por meses até a poça secar.

Só quando chove novamente que os ovos eclodem, e uma nova população de peixinhos se forma. As novas espécies já foram encontradas ameaçadas de extinção, por isso é tão importante conscientizar as comunidades sobre a importância da preservação dessas espécies.

Por que “peixes das nuvens”? 

Como eles aparecem em locais que estavam completamente secos, muitas pessoas acreditavam que esses peixes caiam do céu com a chuva.

Mas a verdade é que os ovos estavam escondidos no solo. Para resistir tanto tempo fora d’água, eles entram em estado de dormência e podem ficar ali por até dois anos.

Foi por causa dessa crença que popularmente eles receberam o nome de “peixes das nuvens”.

Ajuda das aves

Esses peixes não caem do céu, mas as aves os levam para dar uma voltinha por lá.

Eles também podem ser dispersados por elas, pois seus ovos possuem estruturas adesivas que podem grudar nas patas, enquanto as aves procuram alimentos nas poças temporárias.

Alguns desses ovos podem até passar pelo sistema digestivo das aves e permanecer vivos por quase 30 horas no estômago delas.

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Três espécies

Os pesquisadores já identificaram três espécies do peixe em diferentes regiões da Caatinga:

  • Essa já era conhecida: a Hypsolebias antenori. Agora está restrita à bacia do rio Jaguaribe no Ceará.
  • A Hypsolebias gongobira é uma nova espécie que fica na bacia do rio Pacoti, Caatinga do Estado do Ceará. Recebeu esse nome em referência a divindade da pesca e da caça Nkisi Gongobira.
  • Outra descoberta foi a Hypsolebias bonita. A espécie que recebeu esse nome em homenagem a cangaceira Maria Bonita, fica na bacia do rio Apodi-Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Preservação

A maioria das espécies de peixes das nuvens no Brasil está ameaçada de extinção.

Isso acontece porque muitas pessoas não sabem que essas espécies existem e, consequentemente, não as reconhecem.

A destruição do lugar onde esses peixes vivem, seja pelo por tratores ou por construções, também está contribuindo para o problema.

Vamos espalhar informação e mostrar que esses peixinhos não caem do céu, mas precisam de cuidado para sobreviver!

Veja ao vídeo do perfil de Peixes da Caatinga sobre a descoberta: