Formanda fez história ao usar beca branca na faculdade por motivos religiosos

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Por Karen Belém
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Cynthia não apenas se formou, mas o fez de forma única: com uma beca branca, vestimenta feita especialmente em respeito a fé dela no candomblé. - Foto: Maurício Garcia/Arquivo Pessoal

Não há do que se envergonhar! Essa formanda de Serviço Social fez história ao ser a primeira pessoa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) a usar uma beca branca na colação de grau, por motivos religiosos.

Cynthia Luiza Ribeiro do Amaral, de 41 anos, conseguiu autorização para a vestimenta baseada no direito à diversidade religiosa e em respeito ao processo de formação espiritual dela no candomblé.

“Eu não gostaria que num momento tão especial desses eu tivesse que abrir mão de alguma coisa que também é tão especial para mim”, disse a jovem.

A jovem “entrou em preceito” 

Cynthia tem como orixá Oxumarê, e começou o processo de formação espiritual no mesmo dia em que defendeu o trabalho final da faculdade.

Foi quando ela “entrou em preceito”, termo usado para descrever uma fase importante no desenvolvimento espiritual dos praticantes que se preparam para receber o orixá.

Durante esse período, ela precisa passar por uma série de ritos, entre eles usar roupas  brancas todos os dias, além da cobertura dos cabelos durante um ano.

Queria participar da colação 

Foi aí que Cynthia percebeu que a cerimônia de colação ia coincidir com o período de preparação.

O que para muitos pode ser uma preocupação trivial, para ela se transformou em uma questão a ser resolvida.

A estudante não queria perder daquele momento, já que ela e toda a família estavam com muita expectativa.

“Eu me questionava sobre como iria me formar de roupa preta e como eu faria com o aparamento na cabeça”, contou.

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Situação inédita 

Cynthia levou a questão até a Universidade e foi informada que um pedido assim era inédito na instituição.

“Fiquei surpresa ao descobrir que, após tantos anos e tantas pessoas passando pela instituição com diferentes religiões, essa ainda seria a primeira vez”, contou.

A luta dela inspirou debates e mobilizou diferentes setores da universidade, até que, enfim, foi liberada a vestimenta.

Momento simbólico 

Em meio aos colegas, ela foi a única a usar branco.

“Considero esse um direito de extrema importância. Nós temos muitos outros colegas em outros cursos e grupos que têm movimentação do povo de terreiro. Quantas pessoas deixariam de viver um momento especial como uma formatura por causa disso?”, questionou.

O momento foi um lembrete de que a tolerância e o respeito são valores fundamentais que devem ser defendidos e celebrados por todos.

 Cynthia é a primeira pessoa a colar grau com uma beca branca na instituição. - Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Cynthia é a primeira pessoa a colar grau com uma beca branca na instituição. – Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

A roupa branca é um rito do período dentro do candomblé. - Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

A roupa branca é um rito do período dentro do candomblé. – Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

 Cynthia trouxe luz a um debate importante sobre tolerância religiosa e representatividade. - Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Cynthia trouxe luz a um debate importante sobre tolerância religiosa e representatividade. – Foto: Henrique Almeida/Agecom/UFSC

Com informações da UFSC