Idosa mais velha do mundo tinha DNA 20 anos mais novo, descobre pesquisa

A força e saúde da idosa mais velha do mundo, Maria Branyas, que morreu em 2024 aos 117 anos, continuam despertando curiosidade até hoje. Antes de partir, pediu que cientistas estudassem o corpo dela para entender o segredo da longevidade que teve. O resultado saiu e surpreendeu: o DNA dela parecia ter aproximadamente 20 anos a menos do que a idade real.
O estudo, conduzido por pesquisadores europeus, mostrou que Maria apresentava uma combinação rara de variantes genéticas que protegem o corpo contra doenças ligadas ao envelhecimento, como as cardiovasculares e neurodegenerativas. A descoberta pode ajudar a ciência a compreender melhor os mecanismos que retardam o envelhecimento humano.
Além do DNA, os cientistas também se impressionaram com a microbiota intestinal da idosa, repleta de bifidobactérias — microrganismos associados à boa digestão e à redução de inflamações. O hábito de consumir iogurte diariamente pode ter contribuído para essa característica.
Longevidade
Nascida em 1907, em San Francisco, nos Estados Unidos, Maria Branyas se mudou ainda criança para a Espanha. Viveu como dona de casa, enfermeira e costureira. Mesmo após os 100 anos, mantinha uma rotina ativa: tocava piano com perfeição até os 112.
Ela viveu sozinha até os 94 anos, quando decidiu se mudar para uma casa de repouso na Catalunha. Lá, permaneceu lúcida e independente por mais de duas décadas. A família dela também impressiona: duas filhas ainda estão vivas, com 92 e 94 anos, reforçando a hipótese de terem uma herança genética especial.
Para os pesquisadores, o caso de Maria representa um exemplo raro de “sorte genética”, associada a fatores ambientais que favoreceram o envelhecimento saudável.
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O que os cientistas descobriram
Durante a análise em laboratório, os especialistas encontraram sinais mistos nas células da idosa. Por um lado, havia danos esperados para alguém com idade tão avançada, como o desgaste dos telômeros — estruturas que protegem os cromossomos. Por outro, o sistema imunológico se mostrava forte e eficiente, como o de uma pessoa décadas mais jovem.
Segundo o geneticista Eloy Santos, Maria apresentava variantes genéticas únicas em populações europeias, capazes de oferecer resistência a doenças comuns na velhice. Esse equilíbrio pode ter garantido não apenas uma vida longa, mas também com boa qualidade.
Outro ponto que chamou atenção foi o equilíbrio da microbiota intestinal. O alto nível de bifidobactérias ajudava a controlar inflamações e impedir o crescimento de bactérias nocivas. Os cientistas acreditam que esse fator pode estar ligado ao consumo frequente de alimentos fermentados.
DNA e estilo de vida
A idade biológica foi o foco da pesquisa. Enquanto a idade cronológica indica o tempo vivido, a biológica mostra o desgaste real do corpo. No caso de Maria, o resultado surpreendeu: as células aparentavam ser de uma mulher 20 anos mais jovem.
De acordo com a geriatra Daniela Lima de Souza Galati, do Hospital Israelita Albert Einstein, envelhecer mais lentamente depende de dois fatores principais: genética e estilo de vida. “Os genes sozinhos não fazem o trabalho. O estilo de vida influencia o quanto esses genes se expressam”, explicou a médica ao Metrópoles.
Alimentação equilibrada, prática de atividades físicas e controle do estresse são fatores que podem ajudar a ativar genes ligados à longevidade. Já hábitos nocivos, como tabagismo e má alimentação, aceleram o envelhecimento celular.
