Gêmeos negros vencem preconceito: modelos

Fotos: Arquivo pessoal/Facebook
Por Rinaldo de Oliveira
Quem olha o porte, a elegância e a beleza dos irmãos Botelho não faz nem ideia do que eles passaram, antes de brilhar nas passarelas da moda.
Filhos de Pedro, pintor, e de Virgínia, auxiliar de serviços gerais, Diego e Diogo sonhavam em seguir a carreira militar e no serviço público, para ter estabilidade e dar uma vida melhor à família.
Mas onde moram, em Brazlândia (a 50 km de Brasília) muita gente falava que eles tinham perfil de modelo e que seriam os primeiros gêmeos negros idênticos nas passarelas de Brasília.
Em 2012 os estudantes se rederam e procuraram uma agência de modelos.
Preconceito
No início das buscas por trabalho os irmãos Botelho deram de cara com o preconceito.
“Agências nos recusaram no inicio por falta de experiência, por não ter uma estrutura corporal adequada, e principalmente pela cor da nossa pele.” disse Diego em entrevista ao SóNotíciaBoa.
Sem dinheiro, eles também não conseguiam pagar o preço alto das fotos pedidas pelas agências para fazer o book.
Os gêmeos univitelinos se abateram?
Não! Eles persistiram!
Inspirados nas histórias de ídolos negros como Martin luther king, Will smith, James Brown, Joaquim Barbosa e Lázaro Ramos eles aprenderam a enfrentar o preconceito “de cabeça erguida” e a lutar pelo seu espaço.

Primeiros trabalhos
Com dignidade, força de vontade e talento Diego e Diogo decidiram trabalhar sem receber nada, estratégia para que fossem vistos pelo mercado da moda de Brasília.
“Fizemos diversos trabalhos de graça, sem cobrar cachê, para conseguir firmar a nossa imagem”, lembra Diego.
Ele conta que o resultado só apareceu quando “conhecemos o estilista Rafael Siqueira, que nos deu uma oportunidade de desfilar no Capital Fashion Week no ano de 2012. Foi a nossa primeira passarela, nosso primeiro grande trabalho, mais uma vez sem cachê, mas não recusamos a oportunidade”.
Quando entraram na passarela Diego e Diogo roubaram a cena, duplamente. (foto abaixo)
Eles chamaram a atenção não apenas da plateia: os gêmeos conquistaram os cliques dos fotógrafos e as luzes das câmeras de TV.

Convites
As portas anteriormente fechadas se abriram e a beleza negra dos gêmeos passou a ser comentada no mundo fashion brasiliense.
“A partir daí que as coisas começaram a melhorar, surgiram convites para entrar em agências, como a Ébano Models, a única agência de negros em Brasília”, conta Diego.
Eles desfilaram no dia internacional na Consciência Negra (foto abaixo), e fizeram a 15º edição do Capital Fashion Week.
Foram os únicos modelos negros da edição de 2013.

Futuro
Ainda longe da fama e dos trabalhos com altos cachês, os gêmeos – de 21 anos, 1,83 m de altura e 80 kg – trabalham em empresas privadas para manter a família e os estudos.
Diogo cursa Tecnologia da Informação e Diego estuda para concurso.
Para eles, a moda “é um hoby, uma atividade a mais que fazemos nas horas vagas”, diz Diego.
Isso até que sejam descobertos pelo mercado nacional – e quem sabe internacional.

Fãs
Para divulgar seu trabalho e agradar o coração dos fãs, Diego e Diogo criaram um página no Facebook, chamada Irmãos Botelho, com fotos dos seus “trabalhos, conquistas e também para servir de inspiração pra quem tem um sonho em ser modelo. O intuito dessa pagina também é contar um pouco de nossa experiência, mostrando como quebrar esse paradigma de preconceitos pela raça e cor da pele”, conclui.
Contatos
Para contratar os 2 para desfiles e campanhas ligue:
Diego: 61-9129-2882
Diogo: 61-8416-4985
Da redação do SóNotíciaBoa