Paraguai, muito além dos importados que você já conhece

Por Mariana Bontempo, do VidaDeCozinheiro, para o SóNotíciaBoa.
Supreenda-se com o Paraguai, um país que vai muito além dos produtos falsificados.
Ao contrário da maioria, que atravessa a Ponte da Amizade em busca dos preços baixos, conhecemos o que, de fato, deve ser visto no país dos nossos hermanos.
Deixando de lado a Ciudad del Este confusa, perigosa, com ruas imundas, calçadas lotadas, carros velhos disputando o espaço com ambulantes e sacoleiros, descobrimos um lado bonito da cidade, com sua gastronomia e idioma.

E pra quem ainda dúvida que gastronomia é cultura, vou contar a origem do Tereré. Desde antes da colonização européia nas Américas (que no Paraguai aconteceu no século XVII) os índios guaranis já preparavam o Tereré. A diferença é que era uma bebida quente…
Mas em 1932, por conta da Guerra do Chaco (a mais importante travada na América Latina no século XX) o famoso chá, semelhante ao chimarrão dos gaúchos brasileiros e uruguaios, começou a ser consumido frio.
Isso porque, durante as batalhas (no meio da mata) para esquentá-lo tinha que se fazer uma fogueira e a fumaça poderia chamar a atenção dos inimigos bolivianos.
Para, literalmente, “não entregar o ouro ao bandido”, nos acampamentos, os paraguaios passaram a beber o Tereré à temperatura ambiente.
Os tempos difíceis se foram (infelizmente, em três anos de guerra, 60 mil bolivianos e 30 mil paraguaios morreram) mas o hábito virou tradição. Hoje todo paraguaio bebe o Tereré bem gelado para ajudar a espantar um inimigo ainda mais resistente: o calor.
Apesar de termos sentido frio durante a nossa estadia, na última Semana Santa, na maior parte do ano as temperaturas na Ciudad del Este beiram os 40 graus Celsius. E nesse “verão carioca” nada melhor que um líquido para esfriar a cuca, não é mesmo?
A “caipirinha paraguaia” ainda tem a vantagem de não ser alcoólica, podendo ser consumida a qualquer hora e várias vezes ao dia… E é o que os paraguaios fazem!
E o Tereré é tão significativo para a cultura desse povo que existe até um dia dedicado à bebida – o último sábado de fevereiro é o Dia Nacional do Tereré.
Além da data, em 2011, o Congresso Nacional Paraguaio declarou o Tereré “Patrimônio Cultural e Bebida Nacional do Paraguai”. Chique, né?
Aprendi a fazer a famosa sopa paraguaia (que de sopa não tem nada), comi as deliciosas empanadas e ainda provei um pedaço de postre (uma torta doce que se assemelha ao nosso pavê). Tudo uma delícia!!!
Nunca imaginei que um bolo de milho solado com carne moída (que, apesar de sólido, os paraguaios chamam de sopa) poderia ser tão gostoso!!!! Adorei!!!
Aproveito para agradecer aqui o dono do restaurante que, prontamente, me deixou conhecer a cozinha e conversar com as funcionárias (que me ensinaram a fazer essas delícias!!! Eeee!!!).
De tão bom, resolvi fazer aqui em casa. A receita? Ah, isso você no próximo post! Uma ótima semana pra todos nós!