Cirurgião restaura visão de mais de 100 mil vidas em todo o mundo gratuitamente

Oftalmologista do Nepal, o Dr. Sanduk Ruit é conhecido como o “Doutor da Visão”. Ele já devolveu a alegria de enxergar a mais de 100 mil pessoas em comunidades pobres da Ásia e da África. Com uma técnica inovadora, o cirurgião já devolveu a visão a mais de 100 mil pessoas nos últimos anos, devolvendo esperança a lugares onde a medicina quase não chega.
Em vez de clínicas modernas, muitas vezes a equipe dele monta salas de cirurgia improvisadas em aldeias remotas. E, ainda assim, o resultado é impressionante: milhares de pessoas recuperam a visão e podem voltar a viver de forma independente.
O impacto do trabalho é tão grande que, em janeiro de 2025, ele foi premiado com o Prêmio Isa do Bahrein pcor Serviços à Humanidade, reconhecimento dado a quem transforma a vida de milhares com dedicação e compaixão.
A técnica que mudou tudo
Dr. Ruit desenvolveu uma cirurgia de catarata chamada SICS, que dispensa suturas e pode ser feita rapidamente com baixo custo. Enquanto em países ricos uma cirurgia de catarata pode custar até US$ 3 mil, ele consegue realizá-la por apenas US$ 25, utilizando lentes produzidas em seu próprio instituto no Nepal.
Essas lentes, que antes custavam US$ 200 no mercado internacional, passaram a ser fabricadas localmente por apenas US$ 4. Essa mudança derrubou barreiras e reduziu pela metade a taxa de cegueira evitável no Nepal, servindo de inspiração para outros países seguirem o mesmo caminho.
Hoje, a técnica é ensinada até em universidades renomadas como Harvard e já está sendo usada em mais de 20 países.
Instituto
Mais do que uma cirurgia, Dr. Ruit criou um movimento global. Em 1994, junto com o cirurgião australiano Fred Hollows, fundou o Instituto Tilganga, que se tornou referência mundial na produção de lentes acessíveis e no treinamento de novos cirurgiões.
Seu trabalho foi expandido com o Projeto Catarata do Himalaia, em parceria com o médico americano Geoffrey Tabin, levando equipes a comunidades em lugares de difícil acesso. O impacto é gigantesco: só na África, mais de 50 mil pessoas são tratadas todos os anos graças a esse modelo.
“Os pobres merecem o melhor, não sobras”, costuma dizer o médico, que transformou essa frase em um lema de vida.
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Desafios
Para levar tratamento, Dr. Ruit e sua equipe enfrentam condições extremas. Em abril de 2025, por exemplo, subiram até Dolpo, uma região no Himalaia a mais de 4 mil metros de altitude, onde atenderam 1.200 moradores e realizaram quase 100 cirurgias em poucos dias.
Mesmo em meio a deslizamentos de terra, frio intenso e estradas perigosas, ele segue adiante. Para ele, nada é mais gratificante do que ver um idoso voltar a enxergar os netos ou um jovem retomar a vida depois da cegueira.
Missão de vida
A inspiração de Dr. Ruit nasceu de uma dor. Aos 17 anos, ele perdeu a irmã por falta de atendimento médico e precisou carregar seu corpo por dias até conseguir enterrá-la. Esse momento marcou sua vida e o fez prometer que a pobreza não seria mais sinônimo de sofrimento evitável.
Décadas depois, seu instituto realiza cerca de 2.500 cirurgias por semana — quase metade delas totalmente gratuitas. E seu trabalho continua se expandindo pelo mundo, mostrando que saúde de qualidade não precisa ser cara nem inacessível.
Reconhecimento mundial
Chamado de “milagre do Nepal”, Dr. Ruit já recebeu diversos prêmios internacionais, mas prefere lembrar do brilho nos olhos de cada paciente. Para muitos, ele não devolve apenas a visão, mas também a dignidade, a independência e a esperança de viver plenamente.
“Ele não inventou apenas uma cirurgia, ele construiu um ecossistema”, disse o Dr. Geoffrey Tabin, seu parceiro de longa data.
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