Dois atletas protagonizaram uma das histórias mais bonitas da Olimpíada de Tóquio. Eles concordaram em dividir a medalha de ouro do salto em altura e mostraram a grandeza dos dois adversários… dois seres humanos iluminados! E pouca gente sabia da história dos dois.
A amizade entre Gianmarco Tambieri (Itália) e Mutaz Barshim (Qatar) vem desde antes das Olimpíadas. Eles se ajudaram no passado e calhou que tivessem a mesma pontuação, o lugar mais alto do pódio nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
Sim, os dois atletas empataram na prova de salto dos 2m37 e optaram por não fazer o desempate. A cena aconteceu no último domingo, dividiu opiniões, mas emocionou a maioria.
Amizade além das pistas
A história de amizade entre Gianmarco e Mutaz é cheia de boas lições. Em 2016, o italiano sofreu uma lesão muito grave, que o tirou de diversas competições, inclusive dos Jogos Olímpicos do Rio.
A reabilitação foi difícil e, após alguns meses, Gianmarco foi voltando aos poucos para os treinos. Em 2017, ele resolveu disputar a Diamond League, em Paris, mesmo com o apoio dos colegas e de outros atletas, fracassou em todas as tentativas de salto.
Gianmarco chorava, trancado em seu quarto de hotel devido ao rendimento decepcionante e não queria falar com ninguém. Mutaz foi até lá e disse que só iria embora depois de falar com ele.
Depois de muita insistência, Gianmarco abriu a porta e eles conversaram. As palavras de apoio de Mutaz convenceram Gianmarco a seguir em frente e se inscrever para participar da etapa seguinte da Liga de Diamante da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF).
A partir desta etapa, a carreira dele voltou a deslanchar. A presença e o conforto que Mutaz deu a Gianmarco foram fundamentais para a recuperação mental e física do italiano.
Espírito Olímpico
Agora em Tóquio, os amigos se reencontraram, competiram com o mesmo nível atlético e técnico e venceram com a mesma marca, celebrando com amor e empatia.
Na final olímpica, após desempenhos exatamente iguais, o juiz ofereceu aos dois a possibilidade de dividir o título olímpico. Mutaz aceitou e Gianmarco abraçou o amigo com força e se jogou em seu colo, como uma criança.
Nas entrevistas, já com a medalha no peito, Gianmarco ainda disse que mesmo dividindo o título olímpico, Mutaz sempre foi muito melhor do que ele.
No apoio de Mutaz a Gianmarco, em seu momento mais difícil e na exaltação de Gianmarco ao adversário mesmo na hora de sua maior conquista, vemos a grandeza não só de dois atletas fantásticos, mas de dois seres humanos iluminados.
A alegria dos dois era contagiante. Se abraçaram, posaram juntos para fotos e convidaram o vencedor do bronze, Maksim Nedasekau, da Bielorrússia, para se juntar a eles. Foi lindo!
Isso não acontecia nas Olimpíadas há 113 anos. Em 1918, em Londres, Alfred Carlton Gilbert e Edward Cook, dos EUA, empataram também no final da prova de salto com vara e puderam dividir a medalha de ouro.
Gianmarco e Mutaz – Foto: Ina Fassbender/ AFP
Amigos dividem primeiro lugar em Tóquio – Foto: reprodução YouTube
Com informações de Conexão Planeta e RicaAmorim