Cientistas criam tecnologia que torna vacina contra câncer 3 vezes mais eficaz

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Por Monique de Carvalho
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A vacina contra o câncer "modificada", pode ter eficácia 3 vezes maior. - Foto: Pixabay

Uma nova tecnologia pode mudar totalmente a eficácia da vacina desenvolvida contra o câncer. Um grupo de cientistas conseguiu desenvolver uma forma de tornar a dosagem mais potente e combater a doença em diferentes níveis de evolução.

O segredo está na alteração da arquitetura das vacinas, o que aumenta consequentemente o número de células T disponíveis para atacar os tumores. Essa mudança pode tornar qualquer vacina mais poderosa e eficaz.

“É notável, ao alterar a colocação de antígenos em duas vacinas que são quase idênticas do ponto de vista da composição, o benefício do tratamento contra tumores é dramaticamente alterado”, disse o Diretor do Instituto, Dr. Chad Mirkin.

O desenvolvimento dessa nova tecnologia é um passo importante para melhorar a eficácia das vacinas contra o câncer, um problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Medicamento direcionado

Todo o trabalho de pesquisa e desenvolvimento da tecnologia foi feito por cientistas da Northwestern University, nos Estados Unidos.

Eles entenderam que as vacinas são compostas pelo antígeno e um adjuvante, substância usada para aumentar a força. Atualmente, as vacinas convencionais misturam os dois. Insatisfeito com essa abordagem, a equipe usou química e nanotecnologia para alterar a localização do antígeno e do adjuvante e tornar o medicamento mais direcionado, facilitando para o sistema imunológico encontrar as células tumorais.

O estudo foi concentrado em sete tipos diferentes de câncer. A mesma estrutura de vacina foi usada para todos, mas substituída por uma proteína cancerígena diferente.

Sinergia celular

A edição da arquitetura da vacina permitiu aos cientistas dobrar o número de células T que atacam o câncer e ativar 30% mais das mesmas células.

“Pequenas mudanças na colocação do antígeno em uma vacina elevam significativamente a comunicação célula a célula, a comunicação cruzada e a sinergia celular”, observou Chad Mirkin.

Essa mesma “vacinologia racional” também poderia ser aplicada em tratamentos para outras doenças. A equipe inventou SNAs, que são ácidos nucleicos esféricos que permitem aos cientistas identificar exatamente quantos antígenos e adjuvantes estão sendo entregues às células.

Posicionar os SNAs em locais diferentes mudou a capacidade do sistema imunológico de se lembrar do invasor e afetou se ele se lembrava ou não dele a longo prazo.

“Você precisa de mais de um tipo de célula T ativada, para poder atacar mais facilmente uma célula tumoral”, disse a professora Michelle Teplensky, da Universidade de Boston, coautora do estudo publicado na revista Nature Biomedical Engineering.

“Quanto mais tipos de células o sistema imunológico tiver que perseguir os tumores, melhor. As vacinas que consistem em múltiplos antígenos direcionados a vários tipos de células imunes são necessárias para induzir a remissão tumoral aprimorada e duradoura.”

A colocação precisa pode acelerar a proteína da célula imunológica desencadeadora da vacina, a citocina, que por sua vez produz mais glóbulos brancos. Mudar os locais e os pontos fortes da vacina ajuda o medicamento a continuar a atingir as células cancerígenas, mesmo quando elas sofrem mutação.

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Mais vidas salvas

O câncer é a segunda principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Um dado da Organização também mostra que o número de pessoas diagnosticadas em 2022 foi de 19,3 milhões, com cerca de 10 milhões de óbitos.

Setenta por cento das vítimas fatais viviam em países de baixa e média rendas. Uma em cada cinco pessoas em todo o mundo desenvolve câncer. Além disso, um em cada oito homens e uma em cada 11 mulheres morrem.

O tabagismo é a causa mais grave, responsável por aproximadamente 22% das mortes por câncer. Infecções como hepatite e HPV são causadoras de 25% dos casos em países de baixa e média rendas. Obesidade, sedentarismo e consumo inadequado de álcool são fatores de risco, assim como questões ambientais, como poluição do ar e da água. A radiação ultravioleta, principalmente resultante da exposição ao sol, continua sendo a principal causa de câncer de pele.

A tecnologia também pode ser aplicada em outras vacinas. - Foto: Pixabay

A tecnologia também pode ser aplicada em outras vacinas. – Foto: Pixabay

Com informações do GNN.