Menina resgatada do lixão vira empresária e hoje fatura milhões

A trajetória de Alexandra Borges, de 52 anos, poderia facilmente inspirar um filme. Resgatada ainda bebê em um lixão, no interior de São Paulo, ela superou a fome, a pobreza e os preconceitos para se tornar uma empresária de sucesso. Hoje, administra franquias e uma marca própria em São José dos Campos, com faturamento de milhões por ano.
Com apenas 1 ano e 10 meses, Alexandra foi resgatada por Sebastiana, uma lavadeira que a encontrou brincando entre sacos de lixo no município de Jacareí. A mulher a acolheu, deu afeto, educação e um novo sobrenome. Em meio à simplicidade e às dificuldades financeiras, a menina cresceu em um lar onde o amor era o principal sustento.
Décadas depois, a garotinha que um dia vendeu coxinhas nas ruas para ajudar a família se tornou dona de franquias conhecidas e referência em empreendedorismo feminino. Mas o caminho até o sucesso foi longo e repleto de desafios, gravidez precoce e nódulos na tireoide.
Infância de superação
Alexandra cresceu entre os nove filhos da mãe adotiva, em uma casa pequena e cheia de união. A infância foi de escassez, mas também de aprendizado. Aos oito anos, teve a primeira experiência com o trabalho. Vendo Sebastiana chorar por não ter dinheiro para comprar uma torneira, Ale saiu às ruas para vender coxinhas, que chamava de “bolinhas de frango com amor”.
No início, ninguém comprou. Mas, ao contar a história da família, ela conseguiu vender tudo, inclusive o pote onde levava os salgados. Desde então, entendeu que o esforço e a empatia podiam transformar vidas.
Aos 13 anos, começou o trabalho formal, conciliando estudos e emprego em uma papelaria. Durante uma tempestade, teve a ideia de vender guarda-chuvas na calçada. Vendeu todo o estoque e foi efetivada. foi quando tudo começou a mudar.
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Gravidez precoce
A maturidade chegou cedo. Aos 17 anos, Alexandra engravidou e se casou com o namorado de adolescência. Dois filhos nasceram com menos de um ano de diferença. O casamento, no entanto, durou apenas três anos.
Logo depois, enfrentou um problema grave de saúde. Dois nódulos na tireoide colocaram a vida em risco e afetaram a autoestima. Mesmo assim, ela não parou de trabalhar. “Encontrei na dor um propósito: lutar pelos meus filhos e nunca desistir”, contou em entrevista ao @thistorrescast.
Durante esse período, consolidou experiência no varejo, passando por funções de vendedora e gerente em grandes marcas. A dedicação abriria portas para uma oportunidade internacional.
Carreira no exterior
Em 2010, Alexandra recebeu um convite para trabalhar como supervisora em uma loja atacadista em Angola. Aceitou o desafio com o objetivo de garantir o futuro dos filhos. Passou cinco anos no país africano, administrando equipes e economizando o máximo que podia.
Com o retorno ao Brasil, trouxe não apenas capital, mas também conhecimento em gestão. Determinada a empreender, procurou o Sebrae, fez cursos e estudou o mercado. O sonho de ter o próprio negócio começou a se concretizar.
Há dez anos, adquiriu a primeira franquia, uma unidade da Casa do Pão de Queijo. Seis meses depois, abriu também uma loja do Café do Ponto. Em 2024, as duas operações atenderam mais de 150 mil clientes e registraram faturamento de cerca de R$ 6 milhões.
Novo empreendimento
Neste ano, Alexandra deu um novo passo ao inaugurar o Café do Barão, marca própria em um shopping de São José dos Campos. O negócio foi planejado por meses e valoriza o estilo colonial, com foco na experiência do cliente.
A expectativa é que, com as três operações, o faturamento ultrapasse R$ 8 milhões até o fim do ano. A empresária afirma que o segredo está em ouvir o público e manter a essência do acolhimento, que aprendeu desde criança.
Além dos negócios, Alexandra dedica parte do tempo a palestras e ações que incentivam o empreendedorismo feminino, especialmente entre mulheres que enfrentam dificuldades parecidas com as que viveu.
Gratidão à “verdadeira mãe”
Em todas as conquistas, Alexandra faz questão de reconhecer a importância de Sebastiana, a mulher que a tirou do lixão e mudou o destino de uma vida. “Em cada conquista carrego a essência dela, a resiliência e o acolhimento. Foi a minha verdadeira mãe”, disse.
Defensora da educação como ferramenta de transformação, ela reforça que o estudo é o caminho para quebrar ciclos de pobreza e dependência. “A educação abre portas e cria oportunidades que antes pareciam impossíveis”, disse.
Em junho deste ano, ela lançou o livro “Improvável não é impossível”, publicado pela Editora Trend, onde narra toda a jornada.
A obra já está disponível em livrarias e plataformas online, inspirando leitores com a história da menina que saiu do lixo e se tornou um exemplo de sucesso e superação.
