Cadeirante pode ter ereção sim! Vamos acabar com o preconceito

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Por Bruno M.
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Fotos: Correio24horas|miss_bumbum_montagem

A história da Miss Bumbum que se apaixonou por um paraplégico, expõe o tabu sobre a vida sexual das pessoas com deficiência. Expõe e faz esclarecer.

Depois de muito bullying pela internet, a Miss Bumbum 2013, Dai Macedo, saiu em defesa do namorado, Rafael Magalhães, que não mexe o corpo da cintura para baixo.

“Nunca fui tão feliz com alguém. O Rafa é tão inteligente, criativo. E, entre quatro paredes, me satisfaz totalmente. Às vezes ele entra no boxe do chuveiro para tomar banho comigo, ficamos sentados no chão, dando altas risadas.”

As brincadeiras de mau gosto sobre a união dos dois – dizendo que o rapaz não daria conta da musa – começaram depois que uma foto do noivado deles saiu no site de uma revista de celebridades: ela de pé e ele na cadeira de rodas.

Ereção

“Muita gente não consegue imaginar que uma pessoa com deficiência tenha vida sexual”, afirma o escritor e colunista do Estado Marcelo Rubens Paiva, cadeirante desde 1979, quando, aos 20 anos, fraturou a quinta vértebra cervical ao mergulhar em um lago.

“A sociedade não consegue perceber esse cara como alguém que pode ser atraente, ter bom papo, ser bom de cama. Prefere vê-lo como doente, um coitadinho. Foi por isso que escrevi Feliz Ano Velho (lançado em 1981 pela Editora Brasiliense e relançado pela Objetiva). Para mostrar que um jovem nessas condições não deixa de ter sonhos, ambições e desejos.”

Marcelo chama a atenção para o fato de que alguém pode estar numa cadeira de rodas pelas mais variadas razões – ser paraplégico, diabético ou amputado, ter paralisia cerebral, ter sofrido derrame. Condições com sequelas físicas totalmente distintas.

“Pouca gente sabe, mas é só uma minoria dos cadeirantes que não consegue ter ereção.”

Tabu

Para a psicóloga e professora da Unesp de Bauru Ana Cláudia Bortolozzi, a sexualidade das pessoas com deficiência é tabu por associar um tema difícil em si – o sexo – a padrões preconcebidos de normalidade e complexos em relação ao corpo e ao desempenho na cama.

“Esses comentários ocultam o fato de que pessoas que não tenham deficiências também têm dificuldades, ou limites sexuais ao longo da vida”, diz.

No estudo Inclusão e Sexualidade na Voz de Pessoas com Deficiência Física (2011, Editora Juruá), a pesquisadora identifica nos relatos delas dificuldades de autoestima, com a estética ou o desempenho, mas também depoimentos que revelam “pessoas determinadas, alegres, satisfeitas com a vida, que fazem sexo, namoram e se casam”.

A conclusão é que as dificuldades enfrentadas por elas têm mais a ver com aspectos psicológicos e sociais, que com as limitações impostas pela deficiência.

O acidente

Rafael Magalhães perdeu os movimentos em um acidente em 2005.

Ele sofreu uma lesão na medula ao capotar o carro que dirigia sozinho e embriagado na volta de uma balada.

O advogado de 31 anos, festeiro e praticante de esportes, tinha pouco mais de 20 à época..

Após a reabilitação na Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) ele se casou com sua namorada na ocasião e teve um filho, Lorenzo, hoje com 5 anos.

Hoje namora com Daine e os dois planejam se casar no fim  do ano.

Com informações do Estadão.