Neurônios não morrem, como se pensava. Descoberta ajuda contra Alzheimer e Parkinson

A ciência acaba de descobrir que os neurônios não morrem, como se pensava por décadas. Estudos anteriores diziam que o envelhecimento do cérebro acontecia pela perda irreversível dessas células e, aos poucos, ia “apagando” a memória. Mas tudo mudou.
Um novo estudo publicado na revista científica Nature acaba de virar essa ideia de cabeça para baixo: nossos neurônios não desaparecem em massa, eles apenas se tornam menos eficientes.
Com a descoberta o desafio agora é trabalhar contra o enfraquecimento dos genes que mantêm a memória em funcionamento.
O que a ciência acreditava antes
Até agora, os pesquisadores explicavam o envelhecimento cerebral por dois principais fatores:
- a perda progressiva de neurônios, que reduziria a capacidade de processamento do cérebro;
- o acúmulo de proteínas tóxicas, como beta-amiloide e tau, ligadas ao Alzheimer.
Essas ideias guiaram os tratamentos atuais, focados em aliviar sintomas ou combater proteínas defeituosas. Mas ainda faltava entender o que realmente acontece com as células saudáveis à medida que envelhecemos.
Leia mais notícia boa:
- Veneno de vespa pode retardar o Alzheimer, descobre estudo brasileiro
- Mounjaro pode frear Alzheimer? Pesquisa brasileira investiga melhoras na memória
- Com problema na coluna, filha cuida sozinha da mãe de 81 anos com Alzheimer; resiliência
O que o novo estudo revelou
A pesquisa analisou mais de 360 mil células do córtex pré-frontal, região ligada à memória, atenção e tomada de decisões, em cérebros que iam de recém-nascidos a centenários.
O trabalho traz informações inéditas:
- Neurônios preservados: as células não desaparecem, mas ficam menos eficientes porque genes ligados a energia, reparo e metabolismo perdem força após os 40 anos.
- Mutações acumuladas: cada neurônio soma cerca de 15 mutações por ano, fruto do desgaste natural e de fatores ambientais.
- Genes vulneráveis e protegidos: os genes mais curtos e ativos, essenciais para manutenção celular, são os mais atingidos. Já os genes longos ligados à cognição parecem ter proteção extra.
- Ruído na comunicação: há queda de genes que funcionam como “freios” da atividade cerebral, o que aumenta o descompasso nas conexões neurais.
Nos primeiros anos de vida, os cientistas observaram neurônios e astrócitos imaturos em pleno desenvolvimento. Já na velhice, o que diminui são as células precursoras da mielina, responsáveis por ajudar na regeneração das conexões. Isso explica por que o cérebro jovem tem mais plasticidade e capacidade de recuperação.
O que muda na prática
Segundo especialistas, o estudo representa uma virada de chave. Em vez de tratar apenas as consequências do envelhecimento, a ciência passa a olhar para as causas moleculares. Isso pode abrir espaço para:
- prevenção precoce, com foco em hábitos saudáveis já a partir dos 40 anos;
- novas terapias, capazes de preservar a eficiência genética dos neurônios;
- diagnósticos antecipados, que ajudem a identificar o risco de doenças neurodegenerativas antes dos primeiros sinais clínicos.
Próximos passos
A descoberta mostra que o cérebro envelhece em sintonia com o corpo, num processo de desgaste global. Mas o fato de os neurônios continuarem vivos traz uma perspectiva positiva:
Mais do que aliviar sintomas, a ciência pode estar perto de retardar, de verdade, o relógio biológico do cérebro.
Vai ciência!
